O retorno à pauta da Assembleia Legislativa do projeto que implementa o Plano de Previdência Complementar para os ex-deputados estaduais é, segundo fontes de dentro do Legislativo, o motivo do surgimento de uma oposição à candidatura de Valdir Rossoni (PSDB) à presidência da Casa.
O descontentamento com as nomeações do governador Beto Richa (PSDB) e com a costura feita para que o presidente do PSDB do Paraná fosse o candidato único (Beto nomeou Durval Amaral- DEM – e Luiz Cláudio Romanelli – PMDB – para seu secretariado, acomodando possíveis adversários) seria apenas o pretexto para a criação deste movimento, encabeçado pelo deputado tucano Nelson Garcia, que teria o apoio do ex-presidente da Assembleia, conselheiro Hermas Brandão, do Tribunal de Contas do Estado.
Até o ex-diretor-geral da Casa, Abib Miguel, o Bibinho, que responde, agora em liberdade, pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro, por conta da contratação de funcionários fantasmas por atos secretos na Assembleia, estaria envolvido na articulação.
A chapa de oposição estaria sendo incentivada pelos deputados mais antigos da Casa, principalmente após a declaração de Rossoni de que não tem interesse retomar a votação do polêmico projeto, contestado na Justiça.
O grupo até já teria avisado Rossoni que desistiria da articulação caso o deputado revisse a posição e assumisse o compromisso de levar a aposentadoria dos deputados adiante.
Aliocha Mauricio |
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Rossoni: homologação ameaçada. |
No Tribunal de Contas, Hermas Brandão negou que esteja interferindo na eleição da Assembleia. “Não posso apoiar ninguém. Estou afastado das lidas políticas. Eles (deputados) devem decidir isso internamente”, alegou o conselheiro, que deixa amanhã a presidência da Corte de Contas. “Saio de férias por 30 dias. Cansei, embora esteja me deliciando com as notícias a meu respeito.
Lá na Assembleia, tenho vários amigos e é claro que, se pudesse escolher, optaria pelos amigos”, admitiu na sequência. Apesar de alegar não ter poder de interferência na Assembleia, Hermas Brandão tem, pelo menos dois votos e dois articuladores garantidos na Casa: seu filho Hermas Brandão Junior, eleito pelo PSB, e seu neto, Evandro Junior (PSDB), além de seus antigos colegas de Assembleia que renovaram seus mandatos.
Daniel Caron |
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Hermas: dois votos garantidos. |
Além de membros do PSDB e do PSB, inclusive os parentes de Brandão, o grupo já anuncia apoio de, ao menos, parte das bancadas do PV e do PT. No PV, o deputado eleito Rasca Rodrigues disse desconhecer qualquer articulação e afirmou que “da forma como está, apoiaremos o Rossoni. E é difícil que isso mude, pois, até agora, não estamos vendo nenhuma movimentação real, está apenas no campo da especulação”, para depois ponderar que “mas em política, tudo pode mudar. Não é uma decisão que se toma sozinho e eu e o Acioli (Roberto – o outro deputado eleito pelo PV) não tivemos nenhuma conversa sobre isso”.
Já no PT, o deputado Tadeu Veneri disse não ver sentido em apoiar a nova chapa, uma vez que o PT fechou questão em não fazer chapa da mesa e não votar em Rossoni por ser um candidato do PSDB.
“Seria absurdo mudar de posição, já que o novo candidato que cogitam também é do PSDB. O PT nunca mais discutiu eleição da Mesa desde qu,e fechou essa posição. Não votamos em nome, votamos em prática. Eu, em hipótese alguma voto no Nelson Garcia”, declarou.