O prefeito de Araucária, Rui Alves de Souza (PTC), na Região Metropolitana de Curitiba, foi preso na manhã desta terça-feira, 20 dezembro, na “Operação Fim de Feira”, deflagrada pela Promotoria do Ministério Público de Araucária e que contou com o apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). A prisão preventiva, sem prazo, foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Paraná, que, a pedido do Gaeco e das Promotorias de Justiça de Araucária, também determinou o afastamento do prefeito do cargo.
Além dele, foi preso temporariamente o ex-secretário Fábio Antônio da Rocha e José Guilherme Soares. Ainda como parte da operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, inclusive na residência do prefeito e em mais onze locais.
O prefeito e outros servidores municipais estão sendo investigados pelos crimes de concussão e lavagem de dinheiro em associação criminosa (exigência de dinheiro para liberar valores de contratos com a prefeitura e, até mesmo, para firmar contrato). De acordo com o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, o prefeito exigia dinheiro de empresas fornecedoras com créditos para que elas tivessem prioridade no pagamento de serviços prestados pela prefeitura. “Já sabemos que o prefeito foi pessoalmente receber um pagamento enquanto ainda era vice, em julho desse ano”, afirmou. Segundo o Gaeco, há uma gravação que comprova o pagamento. “O prefeito exigiu dessa empresa o valor de R$ 500 mil, e já havia recebido uma parcela no valor de R$ 20 mil”.
Batisti ainda afirmou que o ex-secretário obedecia todas as ordens de Rui Souza e cuidava da parte burocrática para garantir o pagamento às empresas que aceitavam o suborno. Até o momento o MP tem a confirmação do crime de concussão em duas empresas, mas acredita que mais empresários sofreram com cobranças indevidas.
Rui foi eleito como vice, mas passou a ocupar a chefia do Executivo porque seu companheiro de chapa Olizandro Ferreira (PMDB) renunciou por questões de saúde. Agora, com o afastamento do prefeito, o cargo deve ser assumido pelo presidente da Câmara Municipal da cidade.
Pagamentos de 13º e salário dos servidores dependem de decisão judicial
Servidores da Prefeitura de Araucária estão preocupados com o pagamento do 13° salário que deveria acontecer nesta terça-feira (20). A prisão do prefeito Rui Souza pelo Gaeco na manhã de hoje deixa o cenário da administração municipal instável tanto para a população quanto para os funcionários que inclusive devido a operação desencadeada pelo Ministério Público não puderam trabalhar durante a manhã.
O valor de R$ 8 milhões destinados ao pagamento dos servidores foi bloqueado judicialmente a pedido do Hospital Municipal de Araucária na última sexta-feira (16). De acordo com Pedro Rodrigues, secretário de comunicação social, a administração aguarda uma decisão do desembargador de Justiça para a liberação das contas. Segundo o secretário, a situação é delicada. “A prioridade é resolver os problemas referentes aos benefícios dos cinco mil servidores, quanto a investigação do Gaeco, temos que aguardar”, afirmou.
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