No fim do ano passado, o ex-deputado Saulo Queiroz, tesoureiro do DEM, fazia e refazia contas para adequar os gastos do partido à nova realidade imposta pelas urnas. A perda de votos em 2010 faria com que a legenda perdesse quase 30% dos repasses do Fundo Partidário, sua principal fonte de recursos. Queiroz calculava que, com um perda de R$ 6 milhões por ano, ou R$ 500 mil por mês, seria inevitável fazer um “corte expressivo” nas despesas com viagens, aluguéis, assessoria de comunicação e até funcionários.
Neste ano, o estado de espírito do tesoureiro é outro. Em vez de perder R$ 6 milhões, ele terá cerca de R$ 1,6 milhão a mais para gastar em 2011. É que o Congresso, por acordo de todos os partidos, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, aprovou um aporte extra de R$ 100 milhões em recursos públicos para subsidiar as legendas – e, em alguns casos, para “estatizar” dívidas da campanha de 2010.
Aprovado a nove dias do fim do ano, o reforço de R$ 100 milhões funcionou como uma Mega Sena da Virada para todos os partidos. Agora, os endividados poderão quitar suas contas com o dinheiro do contribuinte. E os que perderiam verba ficarão até mais ricos, apesar do desempenho eleitoral inferior em 2010.