O Conselho Deliberativo da Fundação Copel aceitou, em sua reunião de ontem, o pedido de renúncia do cargo do presidente da fundação, Edilson Bertholdo. Depois de a votação entre os seis conselheiros (três representantes da direção da empresa e três dos funcionários) terminar empatada, o presidente do Conselho, Marlus Gaio, deu o voto Minerva e aprovou a saída de Bertholdo, que pediu afastamento depois das acusações do governador Roberto Requião (PMDB) de que ele não estaria agindo de acordo com os interesses do fundo e do Estado ao não cumprir a orientação do governador de comprar as ações da Previ (o fundo de previdência do Banco do Brasil) no Terminal da Ponta do Félix, em Antonina.

continua após a publicidade

Hoje, Bertholdo participa de audiência na comissão de Fiscalização da Assembleia Legislativa. “Ele terá que esclarecer para os deputados e para a sociedade o que acontece com a Fundação Copel. Queremos saber como fundo está sendo gerido, além das negociações das ações do Previ no Terminal da Ponta do Félix”, disse o deputado Durval Amaral (DEM).

“O ex-presidente foi fortemente atacado pelo governador e tem muitas explicações a dar. Espero que ele traga informações sobre a situação das aplicações dos recursos da Fundação Copel”, concluiu.

Ontem, durante a Escola de Governo, Requião voltou a defender sua interferência sobre o fundo, ao responder nota dos sindicatos de servidores da Copel criticando a ingerência do governador sobre o fundo, que pertence aos funcionários e aposentados da companhia.

continua após a publicidade

“O presidente da Fundação Copel é indicado pelo presidente da Copel, que é nomeado pelo governador do Estado. A Copel participa dos recursos que compõem o fundo. Logo, essa ingerência não é só legítima como necessária, pois os gestores do fundo estão precisando sim de alguns puxões de orelha, pois estão jogando fora o patrimônio dos funcionários da Copel, a garantia da aposentadoria”, disse o governador, alegando fazer as intervenções na qualidade de acionista majoritário da Fundação.

O desgaste do presidente da Fundação Copel ocorreu por conta da venda das ações do Previ no Porto de Antonina. O Previ, que tinha 42% das ações, avisou que venderia essa cota em setembro.

continua após a publicidade

O governador determinou, então, que a Fundação Copel e a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina comprassem as ações. A fundação não atendeu à determinação e as ações foram vendidas a um grupo privado. O governador criticou publicamente os gestores da fundação, acusando Bertholdo de lobista e sugerindo a instalação de uma CPI para investigar o controle acionário do Terminal da Ponta do Félix.