E agora?

Funcionário fantasma perde casa por causa da AL

Enquanto os deputados são inocentados pelos próprios colegas e os ex-diretores da Assembleia Legislativa do Paraná respondem, presos, na Justiça pela contratação de funcionários fantasmas no Legislativo Paranaense, alguns dos “servidores” que nunca trabalharam na Casa sofrem as consequências de terem seus nomes e documentos utilizados ilegalmente para desvios de recursos da Assembleia.

O boia-fria Radameris do Espírito Santo Saide, de Palmeira (Campos Gerais) luta na Justiça para recuperar a casa que havia conseguido num plano de desfavelamento da Cohapar, mas teve que devolver quando, ao tirar a escritura, foi identificado como funcionário da Assembleia, com salários superiores ao teto do programa habitacional.

“Morava na favela, ganhei uma casa no programa social, estava pagando cerca de R$ 30,00 por mês, mas, quando fui tirar a escritura, disseram que eu não era pobre, que tinha salário de mais de R$ 1,8 mil. Perdi minha casa, voltei para a favela”, conta o boia-fria, que diz viver de bicos em fazendas da região, “plantando, colhendo, pintando, fazendo o que tiver para fazer. Nunca ganhei mais que um salário mínimo”.

Saide esteve registrado na Assembleia entre outubro de 1997 e março de 2003, tendo sido vinculado aos gabinetes da liderança do PDT, liderança da oposição e 2.ª vice-presidência da Casa, sempre no gabinete do ex-deputado Luiz Carlos Zuk, acusado pelo Ministério Público de utilizar outros 16 funcionários fantasmas para desviar recursos da Assembleia, no caso conhecido como “Gafanhotos”.

O suposto salário de Saide (entre R$ 1.600,00 e R$ 2.800,00) foi depositado em uma conta do Banco Itaú, pertencente a Josiane Terezinha Czaika, ex-funcionária de Zuk.

“Dizem que eu recebi R$ 300 mil nesse período, e tenho só R$ 3,00 na minha poupança”, comentou, indignado. Além de não poder ser beneficiado do programa habitacional, Saide não pode fazer qualquer financiamento, pois está com seu CPF sujo, por não ter recolhido Imposto de Renda no período em que seria funcionário da Assembleia.

Saide tenta, desde 2005 provar que seu nome e documentos foram utilizados de forma irregular e reaver seus direitos. Tramita na 3.ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba processo de Saide contra a Assembleia em que pede, além da limpeza do nome, indenização por danos morais e materiais.

“Já provamos que ele nunca trabalhou na Assembleia e que seu nome foi utilizado ilegalmente e sem seu consentimento. Já foi descoberto para quem iam os salários dele, mas o processo ainda não foi concluído, está na fase das alegações finais”, contou o advogado Cláudio Cesar Alves da Costa, que defende Saide.

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