A missão dada pela presidente Dilma Rousseff a seus ministros de importar para administração pública conceitos de governança do setor privado já tem primeiro alvo definido: a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Centro da disputa de poder entre PMDB e PT e de denúncias de corrupção, o órgão terá sua gestão remodelada a partir de uma consultoria realizada pela equipe do empresário Jorge Gerdau. Dilma quer que a iniciativa se estenda para diversas áreas do governo.
Gerdau deverá integrar o Fórum de Gestão Competitiva do governo federal. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi um dos primeiros a procurar o empresário para colocar a proposta em prática. A primeira reunião para discutir as mudanças ocorreu hoje, na sede da Funasa, com a presença de Padilha e de representantes do empresário. No encontro, foram definidas as prioridades e estabelecidos alguns prazos. A ideia é de que o primeiro esboço do projeto seja apresentado dentro de um mês. Só então é que valores da consultoria serão discutidos.
“A proposta é modernizar a administração. E isso será feito a partir de metas e monitoramento. O que queremos é dar dinamismo e eficiência”, afirmou Padilha. Na Saúde, a consultoria não ficará restrita à Funasa. Além do órgão, o projeto deverá traçar estratégias para melhorar as atividades do centro de controle de logística do ministério, responsável pela aquisição de medicamentos. A intenção, disse Padilha, é tornar as aquisições mais rápidas e evitar desperdícios.
Outro alvo eleito pelo ministro é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A encomenda feita para representantes do empresário é de políticas que garantam uma redução de prazo para registro de produtos, remédios e equipamentos usados em saúde, além de autorização para funcionamento de estabelecimentos nesta área, como farmácias e hospitais. Por fim, o ministro encomendou um plano para acelerar a melhoria dos hospitais federais.
Padilha disse não haver nenhuma ligação da escolha da Funasa como foco prioritário de mudanças com o fato de o órgão ser alvo constante de denúncias de corrupção. “A Funasa é uma das áreas prioritárias para execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Daí a escolha da fundação. Queremos metas claras, prazos para execução”, disse.
Desde que assumiu, o ministro despacha semanalmente no prédio da Funasa. Nesse período, afirmou, foram analisados e liberados R$ 79 milhões para convênios, que estavam pendentes. Quantia, segundo ele, equivalente a 12% do que foi executado em 2010. A Funasa teria ainda um papel fundamental, de acordo com Padilha, na execução do PAC 2 e no plano de erradicação da miséria.