Funai acha garimpeiros em reserva da Amazônia

Cinco grandes balsas de garimpo de ouro estão trabalhando a todo vapor no Rio Boia, afluente do Rio Jutaí, no sudoeste do Amazonas. São dragas mecanizadas, operadas por pelo menos cinco funcionários cada, que puxam o cascalho do leito do rio e jogam em esteiras, criando enormes bancos de areia e desmatando suas margens. O garimpo nessas condições é crime ambiental.

As balsas foram encontradas no dia 20 pela expedição da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari, realizada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em parceria com o Centro de Trabalho Indigenista e acompanhada pelo Estado. Cerca de 30 funcionários, não identificados, estavam encapuzados dentro das balsas. O uso do mercúrio, altamente tóxico, é comum para finalizar o processo de extração do ouro. Os primeiros indícios da operação de balsas de garimpo no Rio Boia foram encontrados a 405 quilômetros ao sul da cidade de Jutaí (AM) no dia 11 de dezembro. Bancos de areia recém-formados indicavam que o leito do rio havia sido revolvido pelas dragas.

Subindo o rio em direção à sua nascente, porém, a situação é alarmante. A cerca de 500 quilômetros de Jutaí, balsas com pelo menos 25 metros de comprimento, dois andares, equipadas com braços mecanizados estão desmatando as margens e destruindo o leito do Boia. Nenhuma das lanchas de apoio tem nome registrado, fugindo à regulamentação da Capitania dos Portos.

O estrago feito pelas balsas é visível a partir do espaço. Imagem de satélite feita há um ano pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já mostrava o surgimento dos bancos de areia. Com a expedição da Frente Etnoambiental, ficou confirmado que os bancos são subproduto do garimpo ilegal. Até mesmo as águas do rio, escuras, mudaram de tonalidade por conta da operação das dragas.

A Marinha, a Polícia Federal e o Ibama já foram informados pelo indigenista Rieli Franciscato, chefe da expedição, sobre a operação do garimpo na região. As três instituições estudam realizar uma ofensiva conjunta para a retirada das balsas, mas não há previsão de início dos trabalhos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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