Um dos parlamentares mais atuantes na Câmara dos Deputados, o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) prevê um período de dificuldades para a oposição ao governo eleito de Dilma Rousseff (PT).

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“Há uma hegemonia do governo no Congresso Nacional. Essa hegemonia não é boa nem para o governo nem para o Congresso”, disse Gustavo que, depois de três mandatos, deixará a Câmara dos Deputados.

Ele ficou em terceiro lugar na disputa ao Senado no Paraná. Gustavo observou que, pela primeira vez, a oposição não terá número suficiente para propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ou apresentar um Projeto de Emenda Constitucional.

E a única bancada que terá tamanho para liderar um processo de obstrução de votação é a do PSDB. “É quase a extinção da oposição”, disse Gustavo.  Juntos, o PSDB, DEM e PPS que formaram a aliança em torno da candidatura de José Serra (PSDB) à presidência da República, somam uma bancada de 108 deputados num universo de 513 cadeiras na Câmara dos Deputados.

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No SEnado, os três partidos conquistaram 19 cadeiras de um total de 81. O PSDB terá que mudar sua forma de fazer oposição, afirmou Gustavo. “Não ainda qual deve ser essa nova forma. Mas tem que haver mudanças”, comentou o deputado federal tucano, citando que uma das alternativas para o PSDB fazer o contraponto ao governo formado por PT, PMDB, PDT e outros aliados, é construir um polo de poder a partir dos estados. O PSDB elegeu oito governadores. Em segundo lugar ficou o PSB, que comandará seis estados.

“Pode ser um alternativa interessante compor a partir dos estados”, disse o deputado federal tucano, citando que esse grupo tem todas as chances de se movimentar sob a liderança de Aécio Neves, senador eleito por Minas Gerais. “O Aécio passará a ter um papel muito importante”, analisou Gustavo.

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Mesmo com a derrota de Serra em Minas Gerais, onde Dilma Rousseff obteve a maioria dos votos, o poder de fogo do político mineiro não foi abalado, acredita Gustavo. Ele conquistou duas vagas ao Senado e elegeu o sucessor, Antonio Anastasia.

“Independente do que ocorreu agora no segundo turno, o Aécio demonstrou competência e transferiu votos para o Governo e Senado. Isso não é pouco”, avaliou Gustavo. Ele acha que o governador mineiro ganhou muito espaço nesta eleição, mas não ainda o suficiente para desbancar o grupo paulista que e que, apesar da derrota de Serra, não está imobilizado.

Encerrado o segundo turno, Gustavo disse que somente vai pensar no seu futuro político quando terminar seu mandato na Câmara. “Temos o mundo real para cuidar depois disso. E isso inclui saber o que fazer no plano pessoal e político”, afirmou o deputado, que definiu a nova etapa como uma “virada de página”.

Gustavo anda não sabe se irá compor a equipe de governo de Beto Richa (PSDB). “Não sei se vou retomar a advocacia, dar aulas. Tenho convites interessantes. E ainda não conversei com o Beto. Depois de doze anos sem passar uma semana inteira em Curitiba, acho que vou me reeducar”, disse.