Gustavo: “O que dizer de uma sigla que
abre mão do que é sua razão de ser?”.

O deputado federal Gustavo Fruet não deixará o PMDB. Pelo menos, não imediatamente.

Em entrevista coletiva ontem à tarde, em seu escritório, o deputado afirmou que foi tratado como um inimigo dentro de seu próprio partido e que deixa de seguir a orientação do governador Roberto Requião por considerar que ele se posicionou publicamente contra a candidatura própria, influindo na decisão dos convencionais. Fruet se considera desobrigado de subir no palanque da aliança PT/PMDB, que apóia a candidatura a prefeito do deputado estadual Angelo Vanhoni, em Curitiba, e vai se dedicar apenas à campanha dos vereadores e candidatos a prefeito do partido na região metropolitana. Não descartou a possibilidade de apoiar outra candidatura na capital e anunciou que já tem conversa agendada com o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, na próxima quarta-feira (dia 23). Fruet é um dos vice-presidentes do diretório nacional e um dos vice-líderes do partido na Câmara Federal.

Para ele, o governador Roberto Requião teve uma posição dúbia em relação ao apoio ao PT, ora declarando que era o seu desejo, ora afirmando que atuaria como magistrado na disputa. A diferença de vinte votos não surpreendeu o deputado, que a credita justamente “aos seis nomes que o diretório municipal incluiu entre os delegados, de forma viciada”, na convenção de dezembro do ano passado. “Lamento a decisão equivocada do PMDB, que mostra não ter um projeto partidário. Se o deputado Angelo Vanhoni vencer, a vitória será dele e do PT. Se perder, será uma derrota do governador Roberto Requião e do PMDB. O que será do PMDB após 2004? O que vem depois de Requião?”, indagou.

Reacionário

Gustavo avalia que o PMDB sai dividido desse episódio, qualificado por ele como um divisor de águas: “O PMDB virou um partido reacionário, que se coloca contra o fortalecimento partidário e contra o surgimento de novas lideranças. O que se pode dizer de uma sigla que, podendo ter candidato próprio, decide abrir mão daquilo que é sua própria razão de ser? Não se constrói um partido dessa maneira. Quando deixa de disputar, um partido enfraquece, desestimula suas bases. É o que pode ocorrer com o PMDB de Curitiba”, previu.

Mas disse que não é o momento de sair: “Tenho um compromisso com os companheiros que me apoiaram e que podem ser retaliados por isso. É preciso resistir”. Ele agradeceu o apoio do presidente do diretório regional, deputado Dobrandino da Silva, do vice-governador Orlando Pessuti, dos vereadores e dos delegados que ficaram a seu lado.

Para o deputado, a eleição deste ano deve dar início a um novo ciclo na política da capital: “A população está mais exigente. Esta vai ser a eleição da desconfiança. O eleitor não está satisfeito com o governo do PT, que provocou imensas expectativas e não está conseguindo cumpri-las. Acabou o discurso fácil. Por isso, acredito que o PMDB adotou uma estratégia equivocada. Desta forma, me sinto liberado para escolher o caminho a seguir”.

Eleonora deve deixar governo

O dia seguinte da convenção do PMDB gerou várias especulações sobre o futuro da relação entre a família Fruet e o governador Roberto Requião. O destino da secretária do Planejamento Eleonora Fruet esteve no centro das previsões sobre os desdobramentos da derrota do irmão, o deputado federal Gustavo Fruet, na convenção de anteontem. Extra-oficialmente, é dada como certa a saída de Eleonora do governo no início da próxima semana.

A ausência da secretária no trabalho ontem estimulou as versões sobre sua demissão do governo. Eleonora, entretanto, havia antecipado que não daria expediente na secretaria ontem porque iria tirar um dia de folga para comemorar seu aniversário. Nos bastidores, já se comentava que o governador já teria até escolhido um substituto para Eleonora no cargo.

Requião não quis comentar o assunto. Disse apenas que desconhecia as declarações de Gustavo anunciando que deixaria de seguir as orientações políticas do governador. O resultado da convenção mereceu apenas duas curtas frases do governador: “A convenção fala pelas urnas” e “não é caso de ficar satisfeito ou triste; cumpre-se a determinação da convenção”.

Recomposição

Os vencedores da convenção já tentavam ontem se reconciliar com a ala derrotada. O pré-candidato a vice-prefeito Nizan Pereira informou ontem que na próxima segunda-feira, dia 21, será realizado um jantar entre a cúpula do diretório, representada pelo secretário de Educação, Maurício Requião, o presidente do diretório municipal, Doático Santos, e os vereadores do partido que estavam apoiando a tese da candidatura própria. O local do encontro será a casa do pré-candidato a prefeito, Angelo Vanhoni (PT).

A iniciativa do jantar foi do deputado estadual Alexandre Curi, que também integrava o grupo pró-candidatura própria. O pré-candidato a vice-prefeito disse que a recomposição da unidade do partido é perfeitamente possível já que não havia uma divergência crucial entre as duas alas. “Entre as propostas – candidatura própria e aliança – a divergência era do ponto de vista estratégico. Por isso, é superável porque os nossos adversários são comuns e continuamos todos na mesma barricada”, comentou. (Elizabete Castro) 

Partidos falam em terceira via

Um dia após a formalização da aliança entre o PT e o PMDB nas próximas eleições municipais de Curitiba, pelo menos dois partidos se colocaram como uma “terceira via” na disputa: O PPS e o PP. O PPS lança sua candidatura à Prefeitura de Curitiba em convenção no próximo sábado (dia 19). O partido tem dois pré-candidatos, o presidente do Diretório Regional do partido, Rubens Bueno, e o presidente do Diretório Municipal, deputado estadual Marcos Isfer.

“Vamos mostrar que o PPS tem uma alternativa para a cidade e pode se constituir numa terceira via como opção real ao que está aí colocado”, disse Isfer.

PP

O vereador Ney Leprevost, pré-candidato do PP à Prefeitura de Curitiba, ficou animado com o quadro eleitoral em Curtiba. “Mais do que nunca, está aberto o espaço para uma terceira via”, afirmou. A mesma posição foi defendida pelo deputado federal Dilceu Sperafico, presidente do Diretório Estadual do PP.

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