Fruet e Serraglio podem disputar Câmara

Foto: Agência Câmara

O deputado paranaense Gustavo Fruet (PSDB) é um dos nomes cotados para ser candidato alternativo à presidência da Câmara.

A dificuldade da base aliada do governo federal de construir uma candidatura sólida para a presidência da Câmara dos Deputados, permitindo que dois governistas – Aldo Rebelo (PCdoB) e Arlindo Chinaglia (PT) – entrem em rota de colisão, criou ambiente para uma terceira via, candidatura alternativa que reúne deputados descontentes e integrantes do chamado ?baixo clero?, deputados sem expressão na Casa.

 Entre os nomes apontados para liderar a terceira via como candidato alternativo à presidência da Câmara estão os paranaenses Gustavo Fruet (PSDB) e Osmar Serraglio (PMDB), além de Paulo Renato (PSDB-SP), Carlos Sampaio (PSDB-SP), José Aníbal (PSDB-SP), Luiza Erundina (PSB-SP), Júlio Delgado (PSB-MG), Fernando Gabeira (PV-RJ), Arnaldo Jardim (PPS-SP), Raul Jungmann (PPS-PE), Walter Pinheiro (PT-BA) e José Eduardo Cardozo (PT-SP).

O grupo suprapartidário que defende a candidatura alternativa à presidência da Câmara dos Deputados deve se reunir na próxima segunda-feira em São Paulo para definir um nome para disputar o comando da Casa com o petista Arlindo Chinaglia (SP) e o comunista Aldo Rebelo (SP), atual presidente e candidato à reeleição. Para começar, o grupo já teria a adesão de oito partidos contrários às candidaturas de Aldo e Chinaglia. No grupo há representantes do PPS, PSB, PSOL, PMDB, PV, PSDB, PFL e até do PT.

Gabeira (PV-RJ), um dos articuladores do grupo, disse que a idéia é encontrar um candidato de consenso. ?Já discuti com vários partidos a possibilidade de termos um candidatura alternativa. Se tiver boas condições, lançamos um nome para ganhar?, disse Gabeira. O deputado também está no páreo para ser candidato a presidente. ?Se ninguém quiser, eu topo. Se sobrar pra mim, eu topo, para lançar luz sobre um programa de reconciliação da sociedade com a Câmara. Eu serei um anticandidato. Sei que não terei voto para ganhar porque estou muito queimado lá?, disse Gabeira.

Serraglio

O primeiro nome cogitado para ser o candidato alternativo foi o de Osmar Serraglio (PMDB-PR), mas ele avisou que, por enquanto, não aceita porque seu partido estaria apoiando Chinaglia. ?O meu partido está marchando por enquanto com Chinaglia. Então, eu não quero ser um estorvo para o meu partido, pelo menos até o dia 9, quando a bancada vai decidir o que fazer?, disse Serraglio, que foi presidente da CPI dos Correios. Outro que foi convidado é o petista José Eduardo Cardozo (SP), que informalmente está apoiando Aldo Rebelo por considerá-lo mais viável.

O vice-líder do PPS na Câmara, Raul Jungmann (PE), negou ontem que a tendência de seu partido seja apoiar o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), na disputa pela presidência da Casa, rebatendo afirmação que teria sido feita por Chinaglia. Segundo Jungmann, o PPS também busca uma candidatura alternativa.

?Na minha opinião, o PPS não tem que apoiar Chinaglia. Estamos trabalhando para viabilizar um candidato alternativo que possa comandar um choque republicano na Câmara, coisa que nenhuma das candidaturas apresentadas tem condições de fazer?, disse Jungmann.

Para o vice-líder do PPS, moralizar a Câmara é mais difícil ainda com o candidato do PT. ?No momento em que o chefe dos aloprados (deputado Ricardo Berzoini) reassume a presidência do PT e Chinaglia conta com o apoio de mensaleiros e sanguessugas, o que podemos concluir é que uma vitória dele seria um salto para trás?, disse Jungmann. No dia 9, a Executiva do PPS e membros da bancada se reúnem em Brasília para tratar, entre outras assuntos, da eleição da Câmara.

A Executiva do PSOL decidiu que o partido não apoiará os candidatos à presidência do Senado e da Câmara que tiverem o apoio do governo Lula. Com esta decisão, fica descartado que o voto do partido no Senado e os três votos na Câmara possam ser dados aos candidatos à reeleição Renan Calheiros (PMDB-AL) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP), bem como à do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). ?Para nós é inaceitável a continuidade da promiscuidade e de um Parlamento funcionando como um medíocre anexo do Palácio do Planalto?, disse a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL).

Lula vê teste da coalizão na Câmara, diz deputado do MS

Brasília (AE e agências) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem em reunião com o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), que a eleição para a presidência da Câmara será o grande teste da coalizão do governo, conforme relato do deputado Nelson Trad (PMDB-MS), que participou do encontro. ?A preocupação do presidente é que o resultado da eleição seja uma resposta concreta do Parlamento de apoio à coalizão?, afirmou Tra.

Segundo o deputado, Lula afirmou no encontro que é preciso evitar o ?desastre? que ocorreu em 2005 com a eleição de Severino Cavalcanti para o cargo de presidente da Câmara. Lula, segundo Trad, não manifestou preferência por Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ou Arlindo Chinaglia (PT-SP), ambos candidatos ao cargo.

?O presidente destacou que tanto Aldo como Arlindo tem estatura moral para representar o Parlamento. Em relação a Arlindo, mencionou que o conhece há 30 anos. Já sobre Aldo, elogiou sua lealdade?, disse Trad.

No entanto, a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados parece repetir a mesma fórmula do desastre a que Lula se referiu. Assim como há dois anos, o governo dispunha dos votos necessários para escolher o presidente da Casa, mas foi a divisão na base aliada com dois candidatos petistas, um apoiado pelo governo e outro dissidente, que propiciou a ascensão inesperada de Severino Cavalcanti.

Os dois candidatos de preferência do Planalto já existem. E uma candidatura alternativa está sendo articulada. Lula conhece os riscos que está correndo.

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