A crise no setor aéreo, que expõe o desgaste das relações entre controladores de vôo, oficiais e o governo, ilustra a crise de confiança que se acentuou no Brasil nos últimos anos. A opinião é do deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), que vem acompanhando a situação como integrante da CPI do Apagão Aéreo. ?Nunca no Brasil as instituições foram objeto de tamanho grau de desconfiança por parte da população?, afirma o deputado.
Fruet coordenou uma pesquisa concluída recentemente pelo sociólogo Antônio Lavareda para o PSDB, cujo resultado chamou a atenção em pelo menos dois aspectos: os brasileiros votariam no presidente Lula para um terceiro mandato e a maioria da população (58%) apoiaria o fechamento do Congresso. ?É claro que não isso não significa que vá haver um golpe, porque a situação hoje é muito diferente da do passado, mas mostra que há condições favoráveis para uma ruptura, em função do desgaste das instituições?, analisa o parlamentar.
Para Gustavo Fruet, é preocupante que a desconfiança – que há tempos era fato em relação ao Legislativo – atinja agora também o Poder Judiciário. ?A quem interessa desacreditar o Judiciário??, questiona. O deputado chama a atenção para o fato de que, em meio à crise, se sobressai apenas a figura do presidente da República. ?É uma contradição: o governo que tem a marca negativa associada à corrupção, para a população tem também a marca positiva do combate à corrupção?, observa.
No caso da crise aérea, Fruet diz que a situação chegou a um ponto em que não é mais possível uma solução sem dor. ?O governo teve nove meses para enfrentar a crise e deixou a situação chegar a um ponto insustentável. Oficiais e controladores perderam a confiança no governo e os controladores, nos seus superiores?, afirma.
Para o deputado, o governo apenas ?colocou lenha na fogueira, produzindo uma sucessão de frases infelizes? – lembrando o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, que comparou os controladores de vôo ao terrorista Osama Bin Laden; a ministra do Turismo, Marta Suplicy, que recomendou aos passageiros prejudicados pelo caos aéreo que ?relaxem e gozem?; e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que atribui o caos aéreo ao ?sucesso da economia?.