Quinze dias depois de sair do País por conta de sete ameaças de morte recebidas no período de um mês, o deputado Marcelo Freixo (PSOL) retomou suas atividades na Assembleia Legislativa do Rio. Ele contou que o período em Madri com a família serviu não só para aliviar o estresse causado pela coação, mas também para que o esquema de segurança com que conta no Rio, há três anos, fosse intensificado. Freixo presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou as milícias no Rio.
Quando da viagem, dia 1º, a Anistia Internacional, organismo com o qual ele trabalha desde antes de ser deputado, divulgou que o convite para a ida à Espanha havia sido feito por conta das ameaças, e tinha como objetivo não só livrá-lo da pressão, mas também tê-lo na Europa para reforçar sua campanha internacional contra organizações criminosas como as milícias.
A explicação foi uma resposta às críticas sofridas pelo deputado – logo depois do anúncio da viagem, foi divulgado que a viagem já estava acertada, e que Freixo teria tentado se autopromover ao falar das ameaças e de um suposto “autoexílio”. “Foi uma baixaria política, uma `forçação’ de barra desnecessária”, disse.
Ele contou que recebeu ameaças detalhadas que fugiam ao padrão daquelas com as quais já convivia. Disse ainda que ficou apenas quinze dias fora, quando poderia ter estendido a estada, porque precisava retomar os trabalhos da CPI do tráfico ilegal de armas e munições, a qual espera concluir ainda este ano.
“Participei de uma reunião lá e, no último dia, dei entrevista sobre a situação na Rocinha. Eu já fui com a passagem da volta comprada. Foi fundamental para o equilíbrio da minha família, eram duas ameaças por semana. É uma prova cabal de que as milícias não estão enfraquecidas. Se eles mataram uma juíza, poderiam matar um parlamentar”.