Freire falou com jornalistas ontem, na Assembléia. |
O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), veio ontem a Curitiba tentar apaziguar a revolta de uma corrente do partido contra o tratamento dispensado pela coordenação nacional da campanha de Ciro Gomes à Presidência da República ao candidato ao governo, deputado federal Rubens Bueno.
A preferência da coordenação nacional pela candidatura de Alvaro Dias (PDT) no Paraná foi considerada um erro por Freire que, entretanto, não criou nenhuma expectativa de que possa alterar as entre as campanhas de Ciro e Bueno. “Sou solidário ao PPS do Paraná. Vou levar a reclamação para a coordenação mas, se alguma coisa vai mudar, não sei”, admitiu.
O senador quis se certificar se o descontentamento do PPS do Paraná com a condução da campanha de Ciro poderia evoluir para um rompimento com a candidatura presidencial do partido. Algumas alas ameaçaram migrar para a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. “O importante é levar o Ciro para o segundo turno. O PPS do Paraná continua apostando neste projeto”, afirmou Freire, que se reuniu com Bueno e a executiva estadual do partido ontem de manhã, em Curitiba.
O presidente nacional do partido avaliou que é injustificável o fato de o senador Alvaro Dias, que definiu como uma das “facções que apóiam Ciro no Paraná” ter prioridade junto à coordenação nacional em detrimento do candidato ao governo do PPS local. “Não se justifica que não se tenha aqui uma atenção para o projeto estadual do partido. Precisamos encontrar uma fórmula para resolver isso. O que eu busco é um certo equilíbrio, em respeito ao PPS do Paraná”, afirmou Freire, acrescentado que o seu palanque no Paraná é o de Bueno.
Discordância
O candidato do PPS ao Palácio Iguaçu disse que vai continuar apoiando Ciro, apesar de discordar de sua vinculação ao que chamou de “banda podre” da política local. “Estamos preocupados que isso contamine a campanha do Ciro no Paraná. Nós, do PPS, podemos dar ao Ciro algum tipo de retaguarda política que não vai comprometê-lo futuramente”, afirmou Bueno, dizendo que ao atrelar sua campanha ao PTB/PDT/PPB no Paraná o candidato à Presidência do partido sofreu uma queda de popularidade no Estado. A direção estadual do PPS distribuiu uma nota oficial reafirmando o apoio a Ciro Gomes, mas criticou a atuação da coordenação da campanha presidencial do partido. “O partido apoiou decididamente as ações que viabilizaram a candidatura de Ciro. A despeito desta atitude, a coordenação nacional da campanha de Ciro Gomes – mesmo com a oposição do PPS/PR e do presidente nacional, Roberto Freire – preferiu priorizar eventos ao lado do que há de mais atrasado na política do Estado, com figuras cuja conduta já as levou a processos que estão sendo investigados pela Justiça e o Ministério Público.
PPS vê quadro estacionado
Elizabete Castro
A queda do candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, nas pesquisas de intenções de voto está estancada, acredita o senador Roberto Freire. O presidente nacional do partido avalia que o crescimento do candidato do PSDB a presidente, senador José Serra, estacionou e que Ciro também parou de cair. “Esperamos e desejamos que a queda tenha sido interrompida”, comentou.
Freire admitiu que o candidato do PPS perdeu mais espaço na Região Sul, mas não quis apontar nenhuma causa específica para esse desempenho. “No Sul, pode ser que algum tipo de adesão possa ter causado um pouco mais de preocupação. Mas, de qualquer forma, foi uma perda nacional. O importante é que apesar de todos os ataques que ele tem sofrido não há uma única suspeita levantada em relação à honra do nosso candidato”, observou.
Freire disse também ser contrário à posição de alguns setores do partido de solicitar observadores da ONU para acompanhar as eleições presidenciais como forma de neutralizar o que consideram um tratamento discriminatório da Justiça Eleitoral em relação a Ciro.
O presidente nacional do partido, que já divulgou uma nota oficial criticando a atuação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em relação aos direitos de resposta concedidos a Serra no programa de Ciro, afirmou que não vê necessidade de monitoramento internacional no processo eleitoral. “Apesar dos problemas que estamos enfrentando e com os quais o TSE tem contribuído com decisões que agridem o bom senso e o saber jurídico, a cidadania brasileira é suficientemente forte para zelar pelo processo”, comentou.