O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), será candidato a governador nas eleições deste ano com ou sem o apoio do PSDB, disse nesta quarta-feira, 17, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Em entrevista ao Estadão/Broadcast Político, o dirigente também afirmou que um eventual apoio dos tucanos a França não garante em troca, necessariamente, o apoio dos pessebistas à candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República.
“A candidatura de Márcio França acontecerá com ou sem o apoio do PSDB e é prioritária para o PSB. Claro que queremos o apoio do PSDB, mas aí vai depender deles”, afirmou Siqueira. Segundo o dirigente, a candidatura de França é uma das nove a governo do Estado que a legenda articula lançar no pleito deste ano. Além de São Paulo, a sigla quer ter candidatos a governador em Minas Gerais, Distrito Federal, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Amazonas, Tocantins e Espírito Santo.
França vai assumir o governo de São Paulo em abril deste ano, quando Alckmin deve se desincompatibilizar do cargo para concorrer ao Palácio do Planalto. Mesmo antes de ter a máquina pública nas mãos, o pessebista já negocia acordos com outros partidos para garantir tempo de TV para a propaganda partidária. Nesta semana, anunciou apoio do PR e já tem conversas avançadas com Solidariedade e PROS, que também podem anunciar apoio em breve.
O nome do vice-governador, porém, enfrenta resistência entre integrantes do PSDB paulista, que não abrem mão de candidatura própria do partido ao Palácio dos Bandeirantes. Entre os possíveis candidatos tucanos à sucessão de Alckmin estão o prefeito de São Paulo, João Doria, e o senador José Serra. Em entrevistas na segunda-feira, 15, Alckmin disse que a decisão de quem os tucanos vão apoiar ou se vão lançar candidatura própria só será tomada na convenção de março.
Presidência
O presidente do PSB disse que o partido ainda não sabe como se posicionará na corrida presidencial. Segundo ele, o cenário tem hoje alto “grau de incerteza”, com a possível condenação do ex-presidente Lula (PT), que pode torná-lo inelegível, e a “incerteza” sobre a candidatura de Alckmin, refletida na recente entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao jornal O Estado de S. Paulo, quando ele disse que o governador precisa provar que é capaz de unir os partidos de centro para se viabilizar candidato.
Siqueira ressaltou que vários partidos já procuraram o PSB em busca de apoio a seus candidatos à Presidência, entre eles, o PT e o Podemos, que quer lançar o senador Alvaro Dias (PR). “Vamos apoiar o que é bom para o Brasil e para os projetos importantes para o PSB. Aliança é sempre a realidade do momento, mas nem sempre é o ideal”, declarou o dirigente, evitando se comprometer com um nome.
O presidente do PSB lembrou que o partido não descarta ter uma candidatura própria. Os dois nomes postos hoje são o do ex-ministro Aldo Rebelo, que deixou o PCdoB e se filiou ao PSB em setembro, e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa. De acordo com o dirigente partidário, o ex-ministro ainda está “refletindo” sobre a possível candidatura. “Ele não está certo de que quer ser candidato”, afirmou.
Em dezembro, Barbosa se reuniu com oito deputados do PSB para discutir o cenário político-eleitoral. O encontro foi realizado no escritório dele em São Paulo, a pedido dos parlamentares. Segundo relatos, nas quase duas horas de conversa, o ex-ministro fez perguntas sobre questões de financiamento e tempo do TV e prometeu anunciar sua decisão até 7 de abril, prazo para que ele se filie a um partido para poder participar da disputa.