A força-tarefa encarregada de investigar o deputado Paulo Maluf (PP-SP) afirmou ter rastreado o caminho de suposta propina da construtora Mendes Júnior ao ex-prefeito de São Paulo. As 15 remessas, entre 8 e 28 de janeiro de 1998, totalizaram US$ 11 milhões. O escritório do advogado Andrew Witts, contratado pela Prefeitura, sustenta que os valores se referem a “propinas e comissões secretas” entregues pela empreiteira a Maluf. A Mendes Júnior foi uma das contratadas nas obras da Avenida Água Espraiada.
Em abril, o juiz Michael Birt, da Ilha de Jersey, determinou o bloqueio do dinheiro. Os valores atualizados somam US$ 22 milhões, supostamente convertidos em ações da Eucatex, empresa controlada pela família Maluf. O dinheiro seria parte do esquema que transferiu recursos públicos nos anos 90. O Deutsche Bank ainda chegou a um acordo com o Ministério Público (MP) para devolver aos cofres públicos US$ 5 milhões que estariam em contas de Maluf.
Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo apontam que, em 8 de janeiro de 1998, uma transferência de R$ 2 milhões foi feita à família pela construtora. Entre 1997 e 1998, a construtora recebeu cerca de R$ 57,2 milhões da Prefeitura da capital paulista como pagamento por contratos. O dinheiro, segundo Witts, era obtido por meio de recibos falsos entregues pela construtora.
De acordo com a força-tarefa, as supostas propinas pagas para Maluf e sua família iam para a conta Chanani, no Banco Safra de Nova York. De lá, os recursos seguiam para as contas da Durant Internacional, uma offshore, nos bancos Deutsche, Morgan e Grenfell Limited, em Jersey, entre 14 e 23 de janeiro de 1998. A Durant International, assim como a offshore Kildare Finance, seriam controladas pela família.
A assessoria de Maluf disse que ele “não tem e nunca teve contas no exterior”. Em nota, a Mendes Júnior informou não ter conhecimento dos fatos mencionados. Afirmou que “não faz nem nunca fez recebimentos ou pagamentos que não sejam rigorosamente legais e transparentes”. “A movimentação de recursos do grupo no Brasil e no exterior é realizada de acordo com a legislação brasileira e dos países em que se instala.”