Militares da Força Nacional de Segurança foram deslocados para a Amazônia para evitar que indígenas invadam a Usina Hidrelétrica São Manoel, na divisa entre o Mato Grosso e o Pará. A operação começou nesta sexta-feira, 13, conforme comunicado do Ministério de Justiça e Segurança Pública. Não houve registro de confronto até o momento.
O cerco foi autorizado pela Justiça Federal do município mato-grossense de Sinop, a pedido da Empresa de Energia São Manoel (EESM), responsável pela construção da usina. Moradores de aldeias das etnias munduruku, apiaká e kayabi, que já ocuparam o canteiro de obras em julho, ameaçam voltar a protestar no local devido aos impactos da obra ao rio Teles Pires.
Lideranças indígenas enviaram uma carta-denúncia a Brasília, no último dia 6, cobrando que autoridades visitem as comunidades para verificar os prejuízos da obra à subsistência de milhares de famílias. “A gente se banha no rio, mas sabemos que o rio não é bom para banhar, aparecem coceiras na pele. (…) A gente vai pescar e não pega mais muitos peixes, não pode mais pescar como é da nossa cultura, tem que pescar à noite e mergulhando e isso é perigoso”, diz o texto divulgado pela ONG Fórum Teles Pires.
Os índios temem que a área sofra mais impacto após o enchimento do reservatório da usina, previsto para este mês. Eles pedem que o Ibama suspenda a licença de operação da hidrelétrica, liberada no início de setembro, enquanto não houver diálogo com os moradores. A empresa diz estar cumprindo com compromissos de compensação ambiental acordados com as comunidades e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Já os líderes locais dizem que a maioria dos itens previstos, como a oferta de oficinas aos jovens indígenas, não está em andamento. Além disso, pedem que a empresa responsável peça desculpas por ter destruído locais considerados sagrados pelas etnias, onde estavam enterrados seus antepassados.
Sem resposta para a carta até o momento, representantes das aldeias planejam viajar a Brasília para tentar ser recebidos pessoalmente por autoridades, de acordo com a ONG que monitora o conflito.