Familiares e amigos velam nesta quarta-feira, 26, o advogado e ex-deputado federal constituinte Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, em Brasília. Entre colegas de trabalho e presos que o próprio advogado ajudou a soltar dos porões da ditadura, um dos que veio prestar homenagem foi o presidente do Supremo Tribunal federal (STF), Dias Toffoli.

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“Foi sempre um conciliador, um construtor de pontes. Foi uma pessoa que quis criar uma possibilidade de um Brasil melhor”, disse o ministro, que contou ainda que os dois participavam do mesmo grupo de “pelada”.

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O presidente da Corte, que chegou por volta das 9h no velório do advogado, lembrou da importância de Sigmaringa para a redemocratização do País e para a autonomia de Brasília.

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Filiado ao PT, ele foi amigo de Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato em Curitiba. O ex-presidente chegou a pedir para comparecer ao enterro, mas a Justiça negou o pedido.

Sigmaringa Seixas morreu, aos 79 anos, na terça-feira, dia de Natal, em São Paulo, devido a uma parada cardíaca. O enterro acontece no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, às 17h desta quarta-feira.

Sigmaringa foi defensor de presos políticos durante a ditadura militar é um dos que ajudou a criar o grupo Tortura Nunca Mais. Segundo contou o jornalista Jarbas Silva Marques, amigo de Sigmaringa, ele e outros advogados de presos políticos tiveram a ideia de copiar processos e depoimentos de torturados, que estavam no Superior Tribunal Militar (STM), em 1979. À época, o advogado era conselheiro da OAB-DF.

“Luiz Carlos, com toda a timidez dele, estava em Brasília e requeria os processos da justiça militar no STM e, numa noite, ele copiava o processo e, nos prazos legais, ele devolvia isso. Isso que possibilitou que Dom Paulo Evaristo Arns e o Conselho Mundial das Igrejas elaborasse o Tortura Nunca Mais. O depoimento dando o nome de 244 torturadores das Forças Armadas e o nome de policiais civis que participavam da tortura 1979”, explicou o amigo, que ficou preso na ditadura de 1967 a 1977.

Sigmaringa vem de uma família de advogados militantes. Seu pai, Antônio Carlos, lutou contra a ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas, e, segundo Marques, conseguiu passar o “gene libertário” para os filhos.