Fleury com Pimentel: petebista criticou falta de cultura de alianças no PT. |
Oitenta por cento dos deputados do PTB estão com o candidato do Planalto, Luiz Eduardo Greenhalgh. Mas o secretário-geral do partido, Luiz Antônio Fleury, rejeita mudança do critério de votação para presidente da Câmara, de secreto, para aberto. Pelo menos nesta eleição. Fleury fez uma visita de cortesia a Paulo Pimentel e esteve na redação dos jornais O Estado e Tribuna do Paraná.
O deputado disse que pelo menos 40 dos 50 integrantes de sua bancada devem apoiar a candidatura de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) à presidência da Câmara Federal. Apesar da resistência inicial de vários setores da Casa ao candidato oficial, ele tem plena confiança no crescimento da campanha com as visitas que Greenhalgh vem fazendo aos estados.
Como procurador da Câmara, Fleury desaprova a posição do atual presidente, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), em defesa de um acordo de lideranças para tornar aberto o sistema de votação que hoje, de acordo com o Regimento Interno, é secreto. Ele já tem preparado um parecer onde aponta a impossibilidade de mudança das regras, a não ser através de uma proposta de emenda constitucional que só poderá vigorar em eleições futuras. O próprio Fleury é defensor da eleição aberta, por acreditar que a secreta só vale para o eleitor, não para os parlamentares. É, inclusive, o autor de uma emenda nesse sentido, já aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça, mas avisa que ela precisa seguir o trâmite legal, sem atropelos casuísticos. O deputado veio a Curitiba especialmente para participar do programa de Carlos Simões, transmitido aos sábados pelo SBT.
Fleury atribui as dificuldades encontradas pelo PT na sucessão de João Paulo à falta de uma "cultura de alianças" dentro do partido: "O PT sempre jogou sozinho e não desenvolveu essa habilidade, o que ficou evidente durante as eleições municipais e resultou em prejuízos à relação do PT com sua base aliada. O PT escolheu o postulante à presidência da mesa como se fosse o líder da bancada, uma questão interna. Os aliados não foram consultados em momento nenhum e, em decorrência, não se sentiram comprometidos com a candidatura de Greenhalgh. Mais que isso, ela foi recebida com surpresa. Agora, dificilmente a eleição se resolverá no primeiro turno, mas a resistência tende a diminuir com a proximidade da eleição".
O ex-governador paulista acredita que até mesmo os adversários de Greenhalgh antevêm a "bagunça institucionalizada" com a eleição de um outro candidato que não o oficial: "O funcionamnto da Casa está baseado em certos princípios, como o da proporcionalidade, a força dos acordos. Se isso for desconsiderado, torna-se uma terra de ninguém".