Fora do PT desde o final de agosto, o senador paranaense Flávio Arns assinou, ontem, sua filiação ao PSDB, partido pelo qual exerceu três mandatos de deputado federal, entre 1991 e 2001.
Arns retorna ao PSDB após pedir desfiliação do PT, por não concordar com a orientação da direção do partido de arquivar as denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
“Foi um momento de grande decepção, em que o partido feriu seus preceitos ideológicos”, disse o senador, que, em 2001 trocou o PSDB pelo PT por não concordar em retirar a assinatura do requerimento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Corrupção, que investigaria supostas irregularidades na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Arns disse que retorna ao PSDB por enxergar um partido mais maduro e que não se preocupa com o quadro para as eleições do ano que vem, quando encerra seu mandato no Senado, já que encontra seu novo partido com dois pré-candidatos a sua vaga.
“O objetivo da mudança é colaborar, participar. Para o que vou me candidatar, é num segundo momento, numa segunda etapa. Não estou brigando por cargos”, disse Arns, que poderá ter de se contentar com a disputa de uma cadeira na Câmara dos Deputados.
O presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, disse que Arns terá sim uma posição de destaque no partido, mas que ainda não tiveram nenhuma conversa sobre 2010. “O importante é que ele escolheu o PSDB por se sentir bem no partido, sem exigir nada e conhecimento de nossos quadros”, comentou.
O senador disse estar ciente de que pode sofrer processo de perda de mandato por conta de infidelidade partidária, mas informou que alegará justa causa para a desfiliação.
“Saí não por infidelidade minha ao partido, mas por uma falta de fidelidade do partido com seus ideais”, disse. A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, revelou que já recomendou ao diretório nacional do partido que não peça o mandato de Arns na Justiça, por entender que o mandato está perto do fim e que esse novo desgaste seria desnecessário.
Até mesmo o deputado federal André Vargas, que defendia uma postura mais radical do PT, voltou atrás e disse que o PT “não deve mexer com isso agora. Deixa que o eleitor dá a resposta no ano que vem”. Vargas chamou Arns de bipolar. “Quando estava no PSDB, votava com o PT. No PT, votou com o PSDB, vamos ver como vai se comportar agora”.
A direção nacional do PT entende que, como a suplente de Arns, Danimar Pereira da Silva, é filiada ao PR, seria o PR quem deveria requisitar o cargo. O presidente estadual do PR, deputado federal Fernando Giacobo, disse que o partido ainda não discutiu a questão.
“A princípio não vamos pedir o mandato, mas ainda vamos discutir e, em política, nada é impossível”, disse o deputado. O PSDB conseguiu, ontem, outros dois reforços.
O vereador Professor Galdino (ex-PV) assinou ontem sua filiação. Já o deputado estadual Mauro Moraes, se não tinha se filiado ao PSDB até o fechamento desta edição por detalhes, já havia se desfiliado do PMDB.
“Como o pleno do TRE não vai se reunir mais essa semana, já pedi minha desfiliação, não vou poder esperar o julgamento do meu pedido de justa causa”, explicou.
