Em meio à crise do Senado e à possibilidade de renúncia ou afastamento do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), o nome do paranaense Flávio Arns (PT) foi ventilado nesta semana como uma alternativa para presidir o parlamento em substituição ao peemedebista.
E o nome de Arns surgiu em discursos de senadores tucanos que, sabendo da impossibilidade de eleger um presidente do bloco da oposição, veem o paranaense como uma das melhores opções entre os senadores das maiores bancadas (PMDB e PT), que, historicamente, têm a prerrogativa de indicar o candidato à presidência da Casa.
Ex-tucano, a preferência dos tucanos pelo petista não surpreende. Flávio Arns esteve filiado ao PSDB entre 1990 e 2001, até sair do partido junto com outros tucanos que assinaram a CPI da Corrupção.
Com um histórico de divergências dentro do PT e um tanto desconfortável no partido do presidente Lula, Arns é visto como um dos nomes que a oposição aprovaria.
“O Cristovam não vai aceitar; nenhum dos nossos vai aceitar. Então, por que não Flávio Arns, que é do partido do presidente, enfim, para termos uma direção com credibilidade, para começarmos de novo este Senado?”, declarou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), endossado pelo presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE) “Eu identifico já um nome em quem eu votaria prazerosamente: Senador Flávio Arns, do PT, homem de bem, homem correto. Eu sugeriria à minha bancada que estudássemos um nome como este, que significaria, sim, harmonizarmos o Senado”.
Flávio Arns disse não acreditar que suas divergências com seu atual partido e sua proximidade histórica com o PSDB tenha influenciado a lembrança de seu nome. “Eu divirjo do PT há muito tempo, desde a época do ministro José Dirceu. Levei essas discussões ao plenário, até. Mas não é momento de se pensar em questões partidárias, é hora de se tentar recuperar o Senado como instituição, com transparência e gestão eficiente. Levantaram meu nome como uma espécie de pacificador”, disse.
Com pouco espaço dentro do PT estadual, seu mandato acaba ano que vem e o partido trabalha com a candidatura de Gleisi Hoffmann para substituí-lo no Senado. Mesmo sem a confirmação se Arns disputará ou não a reeleição, o senador classificou como “interessante” o fato de seu nome ter sido lembrado, primeiro, pelo PSDB, mas não considera a hipótese de trocar de partido.
“Deixei essa conversa, mesmo porque a legislação não permite mais. Vamos pensar para frente. Ainda tenho muita identificação com a base do PT e os prefeitos do partido”, disse.
Como as maiores bancadas são governistas, a indicação de Arns para a presidência do Senado seria difícil, já que PT e PMDB têm outros nomes mais alinhados ao presidente Lula, mas o senador disse que a situação da Casa pode criar a possibilidade.
“É bom lembrar que assumi a presidência da Comissão de Educação por indicação da bancada. Então, se houver chamamento, aceitaria a indicação. Mas não podemos trabalhar com essa hipótese enquanto não houver afastamento ou renúncia do Sarney. Hoje o Senado tem um presidente”, disse.