Flávio Arns e Osmar no Senado

Os dois senadores eleitos na disputa de ontem foram Osmar Dias (PDT), reeleito para o cargo com 30,1% dos votos válidos, e Flávio Arns (PT), que obteve 21,6% e ficou com a segunda vaga. Deputado federal, o petista foi a surpresa das eleições majoritárias. O favoritismo de Osmar Dias era apontado por todas as pesquisas de intenções de votos, mas Arns ocupava uma quarta colocação, atrás do ex-governador Paulo Pimentel (PMDB), que ficou em terceiro, com 11,8% , e do deputado estadual Tony Garcia (PPB), que acabou em sétimo lugar com apenas 7,2%.

Na pesquisa do Ibope, em 27 de setembro, Arns tinha apenas 13%. Até dois dias antes da eleição, Pimentel era considerado o mais provável ocupante de uma das vagas ao Senado. Mas na última pesquisa do Ibope, às vésperas da eleição, Arns, inesperadamente, saltou para o segundo lugar. O senador eleito disse que não ficou surpreso com o resultado da eleição.

“A campanha foi bem discutida, avaliada e pensada. Estamos vendo os resultados agora. O resultado não surpreendeu porque víamos o trabalho sendo feito”, comentou. Sem muita exposição no horário eleitoral gratuito, o petista disse que sua campanha foi desenvolvida no corpo a corpo direto com o eleitor. “As pessoas foram discutindo, pensando e refletindo sobre a situação”, comentou.

Apoios

Arns atribuiu à sua eleição ao apoio das Apaes (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais). Desde 1991, ele desenvolve um trabalho voltado para portadores de necessidades especiais e já foi presidente da Federação Nacional e Paranaense.

O deputado teve ainda a ajuda da tia, Zilda Arns, coordenadora nacional da Pastoral da Criança, que gravou participação no horário eleitoral gratuito do sobrinho. Arns votou ontem pela manhã no Colégio Estadual Guaíra, já com a expectativa de ficar com a segunda vaga ao Senado.

O deputado ingressou no PT no final do prazo de filiações, em setembro do ano passado. Ele era filiado ao PSDB, partido pelo qual concorreu a vice-prefeito de Curitiba na chapa de Carlos Simões em 1996.

Uma vítima do “lulismo”
O ex-governador Paulo Pimentel disse que, apesar de não ter vencido as eleições, sai satisfeito do processo eleitoral. “Não há, para mim, nenhuma decepção”, comentou. “Fiz uma brilhante campanha política. O povo me recebeu muito bem. Estou muito satisfeito”. O ex-governador elogiou Flavio Arns. “É um rapaz decente, batalhador e vem de uma família católica muito boa”, comentou.

Paulo disse que foi vítima do que classificou de ‘lulismo’. “Não consegui capitalizar esta onda em favor do Lula”, disse. Ele afirmou que vai participar ativamente do segundo turno das eleições fazendo campanha para Roberto Requião. “Eu fui muito apoiado pelo Requião, que vai ser o governador do Paraná. O Requião vai se beneficiar disso agora. O Alvaro Dias todo mundo já conhece e vai perder a eleição porque o Paraná quer renovação. O Requião é o mais preparado para governar o Paraná”, disse ele.

Paulo também anunciou que não deve mais voltar a disputar uma eleição. “Acho que não tenho mais condições de participar de atividades políticas. Estou satisfeito por ter saúde e disposição para a luta”, comentou. “Agora, vou me dedicar integralmente às minhas atividades privadas”.

Sistema de votação prejudica candidatos
A forma de votação para os candidatos ao senado pode ter prejudicado os concorrentes ao cargo. Em pesquisa feita com os eleitores, muitos disseram que tiveram dúvidas na hora de votar, já que a escolha dos candidatos teria que ser feita na mesma página, antes da confirmação final do voto para senador 1 e senador 2. O número de votos anulados superou a um milhão. A previsão dessas dificuldades já havia sido feita pelo engenheiro analista de sistemas, Luiz Carlos Carmona. Ele desenvolveu um estudo que aponta equívocos pela programação da urna eletrônica.

Segundo ele, nas eleições de 1998, 4% dos deputados federais e 5% dos deputados estaduais eleitos em todo o País só alcançaram o mandato graças às situações provocadas pela urna. Em 2000, 6% dos vereadores e 98 prefeitos também foram beneficiados devido ao problema. Carmona disse que a ordem de votos (deputado federal, deputado estadual, senador 1, senador 2, governador e presidente) é a primeira causa dos erros. Ele explicou que a seqüência não é hierárquica nem do maior para o menor, nem do menor para o maior. “As pessoas estão acostumadas a pensar em votar pela importância. Então quando a tela pedir o voto do deputado federal, muitos vão apertar o número do presidente. E assim por diante, cometendo uma série de equívocos que pode culminar em votos para candidato errado ou anulação de voto”, explicou.

Carmona destacou ainda que muitas pessoas não interagem com a urna, apenas chegam próximo a ela e começam a teclar os números, sendo que 15% do eleitorado erra ao não interagir com a urna na hora de votar.

Senado

O engenheiro analista de sistemas explicou que na eleição ao senado muitos candidatos foram prejudicados devido a forma de votação. Diferente de outros votos, a imagem do primeiro senador ficava na tela após o eleitor confirmar o voto. “Os menos atentos tentaram tirar a imagem da tela. Não conseguindo, digitaram outra vez o número de sua primeira intenção de voto para o Senado. Com isso acabaram anulando o voto” explicou.

Carmona destacou ainda que se um candidato era apontado como segunda intenção de votos por um grande número de pessoas, acabou tendo votos anulados, favorecendo uma terceira força, que não teria seu nome vinculado a um primeiro nome. “São candidatos João, Pedro e José. Muitos queriam votar no João e tem o Pedro como segunda opção. Se eles anularem o segundo voto, abrirão espaço para aqueles que têm José como primeira opção. Isso ocasionou distorções do que apontaram as pesquisas eleitorais”, finalizou Carmona.   

Última atualização às 10:16:07 de 07/10/2002
Urnas apuradas:21.777 (100.0%)
Total de Urnas:21.778
Eleitores:6.663.381
Comparecimento:5.584.723 (83.8%)
Abstenção:1.078.288 (16.2%)
NomePartidoVotos% votos válidos
OSMAR DIAS123PDT2.776.07930.1%
FLÁVIO ARNS133PT1.995.47021.6%
PAULO PIMENTEL151PMDB1.091.69711.8%
EDÉSIO PASSOS131PT958.83110.4%
PIZZATTO252PFL899.9099.7%
TONY GARCIA111PPB666.1627.2%
NITIS JACON452PSDB648.7667.0%
DR AFFONSO ANTONIUK231PPS56.9210.6%
NELY ALMEIDA200PSC56.5980.6%
EDA SLOMP430PV24.3930.3%
RALPH401PSB19.5150.2%
PROCOPIAK270PSDC11.8790.1%
ABEL MORANGUEIRA288PRTB9.2050.1%
MOSSAMBANI414PSD8.3680.1%
JULIO DE JESUS161PSTU6.3810.1%
SILVA560PRONA3.3300.0%
ROGÉRIO MELLO361PTC1.3760.0%
Total de votos válidos  9.234.880 
Brancos  859.339 
Nulos  1.075.227 
Total de votos apurados  11.169.446 
Informações oficiais fornecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Regional Eleitoral – MG, Tribunal Regional Eleitoral – RJ, Tribunal Regional Eleitoral – RS, Tribunal Regional Eleitoral – SP

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