Fim da verticalização define quadro no Paraná

O primeiro passo para o fim da verticalização das coligações, a aprovação da emenda liberando as composições partidárias nos estados pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, foi o sinal verde para que as siglas comecem a direcionar seus movimentos para o próximo ano. Sem as amarras da eleição presidencial, dois palanques já começam a ser armados no Paraná.

Um pelo PSDB, PFL e PDT e outro do PMDB, pela reeleição do governador Roberto Requião. Enquanto isso, o PT espera setembro chegar para decidir se sobe ao palanque de Requião ou monta o seu. O PPS fala em candidatura própria e o PTB e o PP sinalizam para os dois lados com possibilidade de acordos. No PT, o deputado estadual Angelo Vanhoni diz que a verticalização pode acabar, mas a definição do partido para a sucessão estadual está atrelada à disputa presidencial. "Eleição é uma combinação dos interesses do país e dos estados. Mas o interesse dos estados não deve estar sobreposto ao interesse maior, que é o projeto nacional. Se fosse diferente, o PT já teria candidato ao governo em todos os estados", afirmou.

Uma das lideranças do grupo que não vê problemas em repetir a aliança com o governador Roberto Requião, desde que haja uma contrapartida do PMDB para a reeleição de Lula, Vanhoni afirmou que, por enquanto, este assunto está congelado até setembro, quando termina o processo de eleição dos diretórios nacional, estadual e municipal do PT. E nega que já tenha um pré-entendimento com o PMDB do Paraná. "Não há nada. Nem com o governador, nem com o PMDB. Um ano antes da eleição isso não seria possível", afirmou o deputado, que condena o fim da verticalização. "Os partidos deveriam ter um comportamento nacional. A possibilidade de fragmentação no jogo regional descaracteriza e enfraquece o processo democrático", comentou.

O presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, também acha que nada mudou na condução das conversas com o PT. E embora acredite que sem verticalização, o PMDB fica mais livre no estado para escolher suas alianças, acha que se não houver candidatura própria do PMDB nacional, os dois partidos estarão juntos em 2006.

Trincheira

Se a decisão da CCJ não altera a relação PMDB e PT, no lado adversário, a queda da norma escancarou o projeto comum de tucanos, pefelistas e pedetistas de constituir uma trincheira eleitoral contra a reeleição de Requião, sustentada numa pré-candidatura do senador Osmar Dias ao governo. Sem verticalização, nada mais impede a candidatura de Osmar por esse grupo de siglas que está preparando o primeiro encontro coletivo no final do mês para ostentar unidade, apesar das pequenas intrigas internas de cada um.

No PSDB, o senador Alvaro Dias e o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, brigam por uma indicação ao Senado. No PFL, Cassio Taniguchi se movimenta para se cacifar como um pré-candidato ao governo, mas nada que possa atrapalhar o projeto das alas majoritárias.

O vice-presidente estadual do PDT, Augustinho Zucchi, comentou que o cenário das composições ainda pode ser alterado, mas a aliança com o PSDB é imutável. "A aliança com o PDT está consolidada", disse Zucchi, observando que o fim da verticalização permite que o partido realize uma variada composição eleitoral, sem traumas. 

Indecisão ronda o PP e o PTB: Requião ou oposição?

Há partidos que ainda não vêem um palanque definido no horizonte. É o caso do PP. O presidente do diretório estadual, deputado federal Dilceu Sperafico, comentou que a sigla está dividida entre os setores que defendem uma aliança com o PMDB para apoiar a reeleição do governador Roberto Requião e outro grupo que propõe o alinhamento à oposição. Por enquanto, segundo Sperafico, ainda não é possível detectar uma tendência predominante.

Sperafico afirmou que o caminho do partido somente irá se definir mais tarde, quando houver um sinal claro da vontade da maioria do partido. Para o dirigente do PP, sem verticalização, o processo de definição é mais fácil e deixa o partido à vontade para participar da sucessão presidencial. O dirigente do PP lembrou que, em 2002, o PP não lançou candidato a presidente e não fez qualquer aliança nacional para não prejudicar os acordos estaduais do partido.

Sem compromisso

O PTB vive a mesma situação. O presidente estadual do partido, deputado federal Alex Canziani, disse que além do dilema entre candidatura própria e aliança, os petebistas também estão em dúvida sobre os vários tipos de coligações que podem fazer. Canziani citou que existe a ala pró-coligação com o PMDB, o grupo que prega uma aproximação com o PSDB e PDT e ainda uma terceira vertente que vê possibilidade de um acordo com o PT, se o partido do presidente Lula lançar candidato ao governo. "Há quem ache que o fato de sermos aliados do governo federal recomenda uma composição com o PT no estado. Mas tudo isso é só discussão porque agora é hora de namorar. Não é hora de casar", comentou Canziani.

Para o deputado petebista, no momento, o partido está escolhendo os pares para o namoro. E foi por isso, frisou, que o PTB não aceitou o convite de Requião para comandar a Secretaria de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul oferecida à sigla. "Nós optamos por não participar. Porque preferimos namorar e temos muitos pretendentes. Casamento e compromisso é só no ano que vem", definiu. (EC)

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