Líder da tropa de choque do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e elogiado pelo Planalto por sua disposição em enfrentar a oposição no Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) obteve em meio à crise uma concessão de rádio para seu filho, José Renan Calheiros Filho, prefeito de Murici (AL). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou ao Congresso, na sexta-feira passada, conforme o jornal Folha de S.Paulo, mensagem para beneficiar a empresa JR Radiodifusão com uma concessão para o município de Água Branca, que tem 20 mil habitantes.

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Renan Filho é um dos acionistas da JR Radiodifusão, junto com Carlos Ricardo Santa Ritta, assessor de Calheiros, e Ildefonso Tito Uchôa, primo e ex-assessor do senador. Renan já foi apontado como o real proprietário da empresa, numa sociedade com o ex-senador e empresário João Lyra. O nome da empresa seria uma referência às iniciais dos dois, supostamente os donos do negócio.

A denúncia foi levantada durante a crise que acabou por derrubar Renan da presidência do Senado em 2007. Lyra confirmou a sociedade, em depoimento à Corregedoria do Senado à época. O senador teria pago pela participação na empresa com cheques próprios. Calheiros depois justificou ter dado dinheiro ao filho para que se tornasse sócio no negócio. O caso resultou em uma representação contra o senador no Conselho de Ética. Assim como Sarney, Calheiros se valeu da tropa de choque do PMDB para se livrar das acusações no plenário do Senado. O relator do caso no Conselho foi o senador Jefferson Péres (PDT-AM), que morreu em maio do ano passado.

A mensagem de Lula precisa ainda ser aprovada pelo Congresso. De acordo com técnicos do Ministério das Comunicações, a crise no Senado não influenciou a decisão do governo em favor do filho de Renan Calheiros. A JR Radiodifusão teria dado o maior preço na disputa por essa concessão de rádio e por isso foi a escolhida.

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