A Operação Galeria, fase 65 da Lava Jato deflagrada nesta terça-feira, 10, investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro que contava com operações de compra e venda de obras de arte e imóveis chefiado por Márcio Lobão. Apontado pela Polícia Federal (PF) como o responsável pelo “ajuste e coleta” de mais de R$ 50 milhões em propinas, o filho do ex-senador e ex-ministro de Minas e Energia (governos Lula e Dilma) Edison Lobão (MDB/MA), foi preso preventivamente por ordem da juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba.

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Os investigadores suspeitam que Lobão filho lavou, por meio da compra de obras de arte, pelo menos R$ 10 milhões de toda a propina acumulada. Márcio teria recebido o valor por intermédio de um ex-presidente da empresa de logística no ramo de combustíveis, diz a PF.

Segundo o Ministério Público Federal no Paraná, o pedido de prisão preventiva de Márcio foi motivado pelos “indícios de seu envolvimento em diversas operações de lavagem de capitais e em crimes de corrupção relacionados a diferentes obras públicas”.

Além disso, afirma a Procuradoria, “há indicativos de que Márcio continua, ainda em 2019, praticando atos de lavagem de dinheiro”. O esquema de lavagem, de acordo com o Ministério Público Federal, envolvia a aquisição e posterior venda de obras de arte sobrevalorizadas, simulação de operações de venda de imóvel, simulação de empréstimo com familiar, interposição de terceiros em operações de compra e venda de obras de arte, e movimentação de valores milionários em contas abertas em nome de empresas offshore no exterior.

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A investigação identificou um incremento de mais de R$ 30 milhões no patrimônio de Márcio Lobão. A juíza Gabriela Hardt determinou ainda o cumprimento de onze mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Entre os endereços alvos da operação, estão galerias de arte e de escritórios de agentes financeiros que administravam contas de Márcio no exterior.

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Réus

Márcio e seu pai já são réus por corrupção no contrato de construção da Usina de Belo Monte. A denúncia do Ministério Público Federal, aceita pela 13ª Vara Federal de Curitiba em julho, relata supostos pagamentos ilícitos, entre 2011 e 2014, no valor de R$ 2,8 milhões, por intermédio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – a famosa máquina de propinas da empreiteira.

Além de crimes envolvendo a hidrelétrica do Pará, a Operação Galeria investiga corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo mais de 40 contratos celebrados entre a Transpetro e o grupo de serviços ambientais Estre.

Segundo o MPF, o Grupo Estre e a Odebrecht pagaram, ao menos entre 2008 e 2014, cerca de R$ 50 milhões em propinas a Edison e Márcio Lobão. Os valores teriam sido entregues em espécie em escritório advocatício ligado à família Lobão, localizado no Rio, diz a Procuradoria com base em depoimentos de delatores, registros de ligações e reuniões entre os investigados, e ainda registros em sistemas de controle de propinas.

Defesas

Até o publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido o posicionamento dos citados. O espaço está aberto para as manifestações de defesa.