O candidato à prefeitura do Rio Flávio Bolsonaro (PSC) passou mal ao vivo durante o debate na TV Bandeirantes na noite desta quintafeira (25). Flávio foi amparado pelos adversários Jandira Feghali (PCdoB) e Carlos Roberto Osorio (PSDB). O debate foi interrompido e o candidato se retirou do estúdio.
Assim que o programa recomeçou, Jandira aproveitou o primeiro tempo que lhe foi concedido para contar que, como médica, havia se oferecido para ajudar Bolsonaro, mas teve seu auxílio recusado pelo pai do candidato, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC). Ela reforçou a recusa da oferta de ajuda por meio de uma postagem em uma rede social. Seguidores de Jandira elogiaram a postura da candidata e criticaram fortemente Jair por ser “orgulhoso”. Em menos de 9 horas, a mensagem já tinha mais de 12 mil curtidas.
“Quem protege torturador não me representa”, afirmou Jandira no debate, referindose à homenagem que Jair Bolsonaro fez ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra durante a votação do impeachment na Câmara dos Deputados, em abril passado. “A solidariedade não faz parte desse grupo”, concluiu Jandira.
Por recomendação médica, Flávio Bolsonaro não retornou ao debate. Por volta das 2h, Flávio postou em seu perfil nota em que afirma ter sido atendido em um hospital da rede privada e liberado na madrugada. Segundo a nota, “vários fatores colaboraram para seu malestar, o principal deles uma intoxicação alimentar que vitimou inclusive um de seus assessores, devido a uma refeição na tarde de quartafeira”.
“Flávio Bolsonaro pede desculpas a todos os seus concorrentes pela ausência no restante do debate; o candidato agradece publicamente aos concorrentes Jandira Feghali e Carlos Osório pelos gestos de solidariedade ao socorrêlo”, diz a nota publicada em seu perfil no Facebook.
Política nacional
No dia em que teve início no Senado o julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff, que pode resultar no impeachment da petista, o cenário político federal foi tema recorrente no debate entre sete dos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro. O PT não tem candidato próprio, mas apoia Jandira Feghali, que iniciou sua participação classificando o processo de impeachment como “golpe institucional”. Vaiada pela plateia, ela afirmou: “Podem vaiar, golpista é assim mesmo”.
Jandira seguiu tratando da situação de Dilma ao chamar o estúdio que reunia os candidatos de “palco da traição”. Segundo ela, partidos que, enquanto comandavam o Estado e a Prefeitura do Rio, receberam ajuda federal dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma atualmente criticam os dois petistas.
O candidato do PSDB, Carlos Roberto Osorio, retrucou as críticas de Jandira ao processo de impeachment dizendo que “Dilma e o marqueteiro João Santana” cometeram “estelionato eleitoral” no pleito presidencial de 2014. A candidata do PCdoB respondeu acusando o partido de Osorio de “pegar carona no golpe” e apoiar uma proposta de “torniquete” na economia. Jandira foi novamente vaiada. Índio da Costa, candidato do PSD, também criticou a presidente afastada.
Agressão
A candidata do PCdoB foi a única a se referir à suposta agressão física de Pedro Paulo (PMDB) à sua exmulher, Alexandra Marcondes, quando ainda eram casados. Aliando esse episódio ao fato de o peemedebista ter votado pelo impeachment de Dilma, Jandira afirmou que não respeita “quem trai o voto popular e quem bate em mulher”. Pedro Paulo reagiu afirmando que “é muito triste você fazer esse tipo de acusação, que sabe ser falsa” e negou a agressão.
Ao longo do debate, os demais candidatos concentraram suas críticas sobre o peemedebista, apoiado pelo atual prefeito, o colega de partido Eduardo Paes. Até Osorio, que foi secretário de Paes, fez duras críticas à situação econômica do município. Índio da Costa, que também ocupou cargo de confiança na gestão do prefeito, afirmou ter saído do governo municipal quando Paes se recusou a lançar um programa de esportes em favela “porque não queria colocar azeitona na empada do (secretário estadual de Segurança José Mariano) Beltrame”.
Além de Jandira, Osorio, Pedro Paulo, Bolsonaro e Índio da Costa, também participaram do debate Alessandro Molon (Rede) e Marcelo Crivella (PRB). Sem Freixo. O debate foi organizado ainda sob as normas previstas pela lei 13.165/2015, que garantia a participação nesses eventos apenas aos candidatos de partidos que tenham mais de nove deputados federais eleitos na atual legislatura. Segundo essa norma, a participação dos demais dependia da autorização de 2/3 dos candidatos registrados. Por isso, Marcelo Freixo, candidato do PSOL que está em segundo lugar na corrida eleitoral segundo a pesquisa mais recente feita pelo Ibope, não pode participar do debate. Poucas horas antes do debate, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou essa exigência, impedindo que a participação de algum candidato seja vetada pelos demais. A TV Bandeirantes não mudou as regras do debate e, por meio de nota, informou que “a decisão do STF ainda será publicada e, portanto, não interfere no debate desta noite”.
Impedido de participar do debate na televisão, Freixo esteve na Cinelândia, na região central do Rio, desde as 20 horas desta quintafeira para debater temas relativos à eleição. Em nota, o candidato do PSOL reclamou do veto à participação no debate: “O veto retira não apenas de Freixo o direito de expor suas propostas em rede nacional de rádio e televisão. Ele coloca a democracia em xeque ao cassar o direito dos eleitores de conhecerem as ideias de um candidato que possui chances concretas de ser eleito”.