O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conquistou o Prêmio Kluge, concedido pela Biblioteca do Congresso Americano, pelo conjunto da sua obra acadêmica, sua ativa produção intelectual no campo das humanidades e também por seu significado na vida pública do País.
O sociólogo recebe a distinção em Washington, no dia 10 de julho. O prêmio é entregue a cada dois anos para acadêmicos que dedicaram a vida a pesquisas nas áreas como história, sociologia, política e antropologia – disciplinas não contempladas pelo prêmio Nobel, ao qual a distinção é comparada.
FHC, autor ou coautor de 23 livros e 116 artigos acadêmicos, disse que foi pego de surpresa com a sua escolha. “É uma coisa que eu não estava esperando, que não me candidatei e recebi. É melhor receber enquanto vivo do que depois de morto”, brincou o ex-presidente.
A recompensa, da ordem de US$ 1 milhão, será entregue pelo diretor da Biblioteca do Congresso, James H. Billington, quando FHC pronunciará um discurso para autoridades e políticos.
Para o ex-presidente, o prêmio Kluge é dado para quem abre um caminho e provoca repercussão. Ele acredita que a sua obra “Teoria da Dependência”, por sua grande difusão, foi a que teve mais impacto. “O livro ia contra a visão predominante da época e mostrou que é possível crescer apesar da dependência”, explicou. Por outro lado, do ponto de vista acadêmico, o sociólogo acredita que tenha outros trabalhos mais sólidos, como sua tese de doutorado sobre capitalismo e escravidão no Brasil meridional. “Mas nunca foi traduzida para nenhuma língua, então não teve repercussão”, concluiu.
O prêmio Kluge foi criado em 2000 para estimular a relação entre o mundo das ideias e da ação. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.