O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) considerou ontem “precipitadas” as reações a seu artigo O Papel da Oposição – publicado na revista Interesse Nacional e divulgado anteontem pela internet. “Me espantei com o tamanho da repercussão. Achei também precipitadas algumas reações, sobretudo da oposição que, pelo que pude perceber, disse coisas que acabam fazendo o jogo do PT”, afirmou ele ao jornal O Estado de S. Paulo.
No artigo, o ex-presidente aprofunda uma análise sobre o que chama de “lulopetismo”, defende seus oito anos na Presidência (entre 1995 e 2002) e faz fortes críticas ao seu PSDB. No trecho que se tornou o foco central dos críticos e de incômodo para seus correligionários, ele sustentou que se os tucanos continuarem tentando dialogar com o “povão” acabarão “falando sozinhos”, pelo fato de “as massas mais carentes e pouco informadas”, em sua opinião, terem sido “cooptadas” pelo PT.
Por isso, aconselha o partido a priorizar “as novas classes médias”, gente mais jovem e ainda não ligada a partido nenhum. Portanto, suscetível de ouvir a mensagem da social-democracia.
“O que estou dizendo”, explicou Fernando Henrique, “é que o PT e o governo dispõem de poderosos meios em amplos setores de camadas pobres, mas cooptadas por sindicatos e centrais sindicais”. E acrescenta: “Também existe, é claro, um ‘povão’ na nova classe média”.
O ex-presidente afirma que, ao fazer a análise, não estava excluindo ninguém. O que pretendia era convencer as oposições a definir seu foco de atuação. “Ora, eu venci duas eleições com o voto desse povão. E no primeiro turno, e contra o Lula. Agora, temos de ter uma estratégia para esses novos setores, mais sensíveis. Temos de fincar o pé na internet e nas redes sociais.”