Anderson Tozato
Ex-presidente disse que que a privatização dos aeroportos na atual gestão petista ajuda a “desmistificar” o que classificou de “demônio privatista”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ressaltou hoje que não se pode tratar as privatizações realizadas pelo governo federal como uma “questão ideológica”.

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Em vídeo, divulgado pelo site Observador Político, FHC comenta os leilões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília e diz que o modelo adotado não poderia ser diferente, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos fundos de pensão.

O modelo adotado pelo governo Dilma Rousseff, aliás, é o mesmo que sua administração adotou há alguns anos, na privatização da Vale do Rio Doce e das telefônicas, motivo de crítica dos petistas em sucessivas campanhas eleitorais.

“A privatização não é uma questão ideológica, é uma questão que depende das circunstâncias, como aumentar a capacidade de gerenciar, aumentar a oferta de serviço. É uma questão de responsabilidade maior para com o País”, frisou o ex-presidente.

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No vídeo, Fernando Henrique ressaltou que a privatização dos aeroportos na atual gestão petista ajuda a “desmistificar” o que classificou de “demônio privatista”, numa clara referência ao mote utilizado pelo PT para criticar o PSDB nas campanhas presidenciais.

“Tudo isso são fantasmas que estão desaparecendo, porque o Brasil está mais maduro”. Ao citar a presidente Dilma e dizer que a privatização ajuda na eficiência e na oferta do serviço público, ele argumentou: “Hoje há uma estrutura de Estado competente para entender o mundo moderno e fazer com que o governo federal tenha um mecanismo eficiente de lidar com o setor privado”, afirmou.

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Na defesa que fez da participação do BNDES e dos fundos de pensão neste processo, o ex-presidente lembrou que foi alvo de críticas. “Quantas críticas que eu ouvi porque o BNDES participava das privatizações. Ele continua participando e tem de participar para financiar.”

Com relação aos fundos de pensão, o tucano disse: “Os fundos de pensão são para isso, são para investir, e agora que a taxa de juros tem caído, vai ter de investir mais, não tem nada de negativo nisso, o importante é ser transparente”.

Os leilões dos aeroportos, realizados na última segunda-feira, foi mote para as críticas de lideranças tucanas, que saíram em defesa da administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e miraram o PT, pelos ataques que os petistas fizeram ao modelo adotado pelo PSDB.

O ex-governador de São Paulo José Serra ressaltou que a privatização dos aeroportos foi “satanizada” pelo PT durante a campanha presidencial de 2010 e ironizou o que considerou uma mudança de discurso do partido.

“Sem explicar porque mudou tanto de ideia, o governo do PT deu uma volta de 180º e começou a concessão de aeroportos”, escreveu, na rede de microblogs Twitter. “Vocês podem imaginar o escândalo que o PT faria com uma privatização dessas nos aeroportos se não fosse ele o autor?”, acrescentou.

O ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo Xico Graziano publicou texto, também no site Observador Político, no qual avalia que a privatização dos aeroportos “encerra uma farsa política”.

“Ainda que o debate da privatização tenha, pode-se entender, nascido a partir de uma posição ideológica do PT, com o tempo ele se transformou em uma notável malandragem política utilizada com maestria pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, afirmou. “Em decorrência, PT e PSDB se digladiavam sem nem direito saber o motivo”, acrescentou.

O tucano cobrou ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicione sobre o assunto e reconheça que “FHC venceu esse debate”. “Ou melhor, deixa quieto. A história fará justiça”, concluiu.