A alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pouca influência nas eleições municipais. É o que disse, ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que esteve em Curitiba para dar uma palestra no 24.º Congresso Brasileiro de Nefrologia, no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba.
Em um encontro com a imprensa pouco antes do evento, FHC falou também que está havendo descontrole do governo no caso dos grampos, e comentou, ainda, a situação na Bolívia e a crise econômica mundial.
“Eleição municipal depende de circunstâncias bastante locais. O presidente Lula tem popularidade, mas foi a São Paulo e a Marta caiu (nas pesquisas). Não caiu porque o Lula tem popularidade. Caiu, porque o eleitorado não responde a esses fatores gerais”, disse FHC, depois de reforçar que apóia o candidato de seu partido à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, e opinar sobre as eleições curitibanas: “Aqui, acho que ganha o Beto Richa”.
Ele ainda comentou sobre a polarização entre José Serra e Aécio Neves como possíveis candidatos do PSDB para as eleições presidenciais de 2010: “Pode ter certeza de uma coisa: nós vamos estar juntos”, disse sem apontar sua preferência.
Sobre o assunto dos grampos, o ex-presidente comparou a situação atual com a crise dos cartões corporativos, aproveitando para criticar o governo atual. “Não se apura nada, fica só no mal estar. Não acredito que seja uma coisa intencional do governo, mas é um descontrole, e quando há falta de controle, cada segmento começa a fazer a sua política, e isso é desagradável”, afirmou.
Fernando Henrique também comentou a crise boliviana. “Quando a situação chega a esse ponto, cabe ao presidente entender que a sua maior responsabilidade é evitar a divisão do país”, alertou, lembrando que Evo Morales não pode levar a situação a ponto de arriscar a divisão.
“Quando o país se corta em dois, leva muitos anos para se recompor. Espero que eles cheguem a algum entendimento”, salientou. Para ele, a posição do Brasil sobre a crise na Bolívia deve ser “equilibradora”.
Ao falar sobre a crise financeira mundial, sobrou mais uma crítica de FHC ao governo atual – dessa vez em relação aos gastos públicos, muito elevados na opinião dele.
“Isso vai ter que ser revisto, senão vamos ter que continuar nessa base de usar taxa de juros como breque de tudo. E isso tem resultados que podem não ser bons”, avaliou o ex-presidente.