Ex-presidente

FHC critica ‘escolhimento’ do Estado diante de vândalos

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) criticou, em artigo publicado no jornal “O Estado de S. Paulo”, o que classificou como “encolhimento” do Estado diante da “fúria de vândalos” em recentes manifestações realizadas nas ruas de diversas cidades brasileiras. Essas mobilizações agora contam com facções do crime organizado, segundo o ex-presidente.

Após comentar a decisão da Corte Suprema da Argentina de sancionar uma lei que afeta o jornal local “El Clarín” e o surgimento de cartazes contrários aos opositores do governo da Venezuela, FHC fez uma análise sobre as manifestações no Brasil e os black blocks. Este grupo, representado por pessoas que participam das mobilizações com o rosto encoberto, promove “explosões de violência anárquica desconectada de valores democráticos”, na visão de FHC.

O ex-presidente, sociólogo formado, destacou que esses atos de violência não ecoam as reivindicações populares. Por isso, lamentou que o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, “se lamurie” ao pedir mais diálogo com os black blocks. Além disso, ele defendeu que as autoridades assumam sua responsabilidade e adotem uma postura construtiva. “Se nas democracias não houver autoridade legítima que coíba os abusos, estes minam a crença do povo na eficácia do regime e preparam o terrenos para aventuras demagógicas de tipo autoritário”, disse FHC no artigo intitulado “Sem complacência”.

O texto também traz outras críticas ao governo federal e à qualidade de vida do brasileiro, classificada por ele como “insatisfatória”. Ele cita a “corrupção escancarada” que “irrita o povo”, afirma que as propagandas do governo apresentam um “mundo de conto da carochinha” e destaca os problemas enfrentados pela população na locomoção nas grandes cidades. Mais adiante, afirma que o refinanciamento de dívidas dentro do setor público destrói uma das cláusulas da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e classifica a medida como “funesta”, uma vez que a mesma “alegra o presente e compromete o futuro”.

“Precisamos propor um futuro não apenas materialmente mais rico, mas mais decente e de melhor qualidade humana”, complementou FHC, afirmando que este seria o “antídoto aos impulsos vândalos e à complacência com eles.”

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