O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na manhã desta sexta-feira, 10, em São Paulo que o Brasil, na tentativa de reduzir a desigualdade social, escolheu o modelo de transferência de renda e não o de “incentivo ao trabalho”. Para FHC, há o perigo de criar uma classe dependente dos cofres públicos.
“Não é preciso ser sociólogo para ver que a desigualdade continua grande. Pior que grande, o modelo usado para diminuir a desigualdade foi o modelo de transferência de renda, não foi o modelo de incentivo ao trabalho. Não foi um modelo de engajamento e de criação de novos campos de prosperidade”, criticou o ex-presidente, antes de completar. “A transferência de renda, e eu também fiz, é necessária como estímulo, mas não como resultado final”.
A autoria dos programas sociais do governo federal movimentou o debate entre Dilma Rousseff e Aécio Neves durante a eleição de 2014. “Se mantiver no Brasil a tendência, vai se criar uma camada de funcionários públicos que não são funcionários públicos, mas que dependem do Tesouro”, disse FHC. “É uma camada que se veste, come, está melhor alimentada, mas não é isso que se deseja em uma sociedade moderna e dinâmica”.