O interventor Saulo de Tarso Pereira assegurou ontem que não há a menor possibilidade de a Ferroeste interromper as suas atividades em decorrência da intervenção do governo do Estado. Além de interventor, Saulo foi nomeado consultor responsável pelo relatório sobre as condições em que se encontra a ferrovia. "Estou assegurando aos usuários de que a paralisação não vai acontecer. Mas os clientes se assustam com a palavra ‘intervenção’, afinal, têm compromissos e seus volumes são gigantescos", diz o técnico.
O relatório contendo o atual retrato da Ferropar – subconcessionária da Ferroeste para transporte de carga no trecho de 248 quilômetros de estradas de ferro entre Guarapuava e Cascavel – deve ser entregue hoje à administração da rede para elaboração de meios de adequação às exigências da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O documento é fruto da intervenção do governo do Estado na administração da Ferroeste, decretada na semana passada pelo governador Roberto Requião e que deve manter a ferrovia nas mãos do Estado pelos próximos seis meses. A justificativa da intervenção é o fato de a Ferropar não estar respondendo às estimativas operacionais e de produção de acordo com as metas estabelecidas pela Agência.
O objetivo do estudo feito por Pereira, é chegar a soluções para ambas as partes, já que a intervenção tem como causa uma série de dificuldades – envolvendo desde pagamentos e compromissos não cumpridos até a produção atual da Ferropar, que não vem atingindo os patamares mínimos exigidos. "A empresa produziu somente 37% do que estava previsto e a aquisição de material rodante – locomotivas e vagões – está precária." O consultor explica que a Ferropar deveria operar no momento com 60 locomotivas e 732 vagões, mas os número estão aquém. "As operações estão limitadas a quatro locomotivas e 50 vagões", revela.
De acordo com Pereira, o relatório aponta situações de longa data e a intervenção acontece em momento posterior a multas aplicadas pela ANTT à Ferropar que não surtiram efeitos pretendidos.
Amanhã, Ferropar e Ferroeste estarão reunidas com representantes da América Latina Logística (ALL) – sócia que possui a maior parte do material rodante usado pelas empresas – com objetivo de discutir garantias na freqüência dos trens, prazos e volumes a serem transportados e distribuição do frete. A reunião deve dar suporte ao desenvolvimento de um contrato operacional exigido há tempos pela ANTT. "95% dos vagões e locomotivas que utilizamos são da ALL. Com isso, boa parte da partilha do frete fica com a empresa", diz Pereira. "É preciso formalizar essas questões por meio de um acordo entre as partes." Segundo o consultor, por hora, esse acordo "é apenas verbal e não há nada regulamentado".
