O economista Luiz Eduardo Sebastiani, que comandará a Secretaria Estadual de Administração, revelou que a equipe de transição está formulando um plano de governo para os primeiros seis meses de governo para conter despesas. Sebastiani disse que a fórmula será “fazer mais por menos”.

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O Estado do Paraná: O governo eleito fez uma leitura pouco otimista do orçamento do próximo ano. A equipe de transição chegou a falar em cortes de verbas de custeio em 15%. Como será esse processo?

Luiz Eduardo Sebastiani: o diagnóstico prévio foi realizado. Sabemos os limites, não apenas no que diz respeito ao que está programado como despesa, mas também em relação à expectativa das receitas. Há uma limitação, a priori, para os primeiros meses de governo. Nós teremos um plano de ação específico para os primeiros 180 dias de mandato. Ainda estamos começando a detalhar. Mas, por definição, não é corte de gastos e sim racionalização de gastos. Ou seja, vamos economizar no custeio administrativo. É por aí que vamos começar a racionalizar. O mero corte somente abafa uma situação, não resolve. No processo de reestruturação de gastos, o mesmo procedimento pode ser realizado a um custo menor. Não significa perda de qualidade ou quantidade. É fazer mais por menos.

OE – O senhor pode nos dar um exemplo de como funcionaria o “fazer mais por menos”?

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LES – O estado está preparando uma licitação para o sistema de foto copiadora, no valor de R$ 72 milhões, para 48 meses. Nós estamos analisando se é algo que necessita ser feito, se é esse o formato mais adequado de ser realizar um serviço desta natureza. Temos também centros de custos importantes, como o transporte interno, onde avaliamos também como poderemos racionalizar. A racionalização do uso de material de expediente é outra medida que sempre tem resultado positivo. A busca de um novo formato é o que chamamos de choque de gestão. Outros contratos também serão analisados.

OE – Todas as áreas, incluindo saúde e educação, que prestam serviços essenciais à população, poderão ser incluídas neste processo de “choque de gestão”?

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LES – Saúde, Educação e a área de assistência social são prioritárias. Não haverá restrições financeiras para essas áreas. Elas terão à sua disposição as condições para poder realizar com qualidade, mas com menos recursos os seus serviços. Nós estamos pensando em alternativas.

OE – Na discussão do orçamento de 2011, a Assembleia Legislativa está concordando em ampliar a margem de remanejamento de 5% para 7% dos recursos. Essa concessão não ajuda a nova administração a se enquadrar no orçamento deixado pelo governo anterior?

LES – Nesse primeiro ano, nós vamos ter que fazer a complementação de recursos para áreas essenciais, que não estão cobertas. Mas margem de remanejamento não significa ter mais recursos, como se noticiou. É transferência de investimento de uma área para outra. Na prática, você cancela em uma área e destina para outra. Não há receita adicional.

Governo está aberto para receber novos aliados

Fábio Alexandre
Durval: “todos bem vindos”.

O deputado Durval Amaral (DEM) trocará o novo mandato pela Casa Civil do governo de Beto Richa (PSDB). Ex-secretário do Trabalho no primeiro governo de Roberto Requião (PMDB), entre 1991 a 1994, Amaral avalia que serão poucas as dificuldades para fazer a articulação política do governo devido ao perfil “conciliador” do futuro ,governador tucano.

O Estado do Paraná – O senhor será o encarregado de fazer a articulação política de um governador, que ainda não tem uma experiência nessa área no plano estadual. Vai ser difícil?

Druval Amaral: O Beto é um grande negociador político. E isso ele provou ao reunir todos aqueles partidos em sua campanha. Eu vou cuidar das articulações políticas e cuidar da interlocuação administrativa com as demais secretarias para que as metas de governo sejam atingidas. Acho que esse vai ser o desafio, acompanhar a execução dessas metas.

OE – A Casa Civil terá que ter um diálogo amplo com prefeitos e deputados de todos os partidos. O senhor já fez uma conta de quantos são aliados e quantos adversários?

DA – Nossa conta é para governar par todos os 399 municípios do Paraná. Não vamos ter a preocupação de distinguir os prefeitos. Todos serão atendidos com respeito e serão contemplados dentro da disponibilidade de caixa. Ser ou não do partido do governador não será pré-requisito para ser atendido. Não chegamos ao governo para revanchismo.

OE- Mas em 2012 haverá eleição municipal. E a base do governo é formada por muitos partidos. Como é administrar esses conflitos naturais do processo eleitoral?

DA – Os partidos aliados ao governo vão disputar a eleição em todos os municípios do Paraná. Nesta questão da disputa municipal, saberemos quem são os nossos companheiros e aliados.

OE – E como será a relação com o PMDB se o partido confirmar a participação no governo?

DA – Todos os que comungarem do nosso projeto serão bem vindos. Se o PMDB vier, pode criar algum desconforto com os demais aliados, mas nós saberemos administrar. Qual é o problema de acolher quem está disposto a contribuir? Não há nenhuma grande dificuldade nisso. A base será grande. É muito bom e não vai haver dificuldades porque o Beto é um conciliador.

OE – Na Assembleia Legislativa, os deputados costumam viver às turras com a Casa Civil, quando são contrariados. Como o senhor, que vai passar para o outro lado do balcão. vai evitar estes conflitos?

DA – Eu sou amigo de todos os deputados. E já decidi que vou estar toda a semana despachando com eles na Assembleia. A Casa Civil estará na Assembléia pelo menos uma vez por semana. (EC)