Em São Paulo, o poder também é hereditário. Passa de geração em geração como um direito adquirido, um legado. Não é raro encontrar na Câmara Municipal quem seja filho de fulano ou neto de sicrano – todos chancelados pelo peso dos sobrenomes. Representante da comunidade japonesa, a família Hato é pioneira na prática. O clã já está na terceira geração. São mais de 40 anos no poder, de uma história que começou quando Mario Hato se elegeu vereador pela primeira vez em 1973.
Após dois mandatos consecutivos, o médico passou o bastão para o irmão, Jooji Hato, que hoje é deputado estadual, mas ganhou sete eleições para o Palácio Anchieta. Em 2013, deixou o gabinete para o filho, George Hato, que tenta neste ano sua primeira reeleição. “Nosso sucesso? É o trabalho e a dedicação que temos com a comunidade japonesa, que é muito fiel”, afirma o caçula.
Um clássico moderno é o caso de Antonio Goulart (PSD). Vereador por cinco mandatos, cresceu tanto que foi parar em Brasília e hoje é deputado federal. Sem perder a mão do seu eleitorado, continua atuando como vereador indireto, atendendo duas vezes por semana em seu escritório político, zona sul. Sua próxima missão será eleger seu filho, Rodrigo Goulart, de 31 anos, como vereador.
No dia 6 deste mês, o pai Goulart organizou uma caminhada para a candidata Marta Suplicy (PMDB) em Cidade Dutra, na zona sul, onde apareceu durante boa parte do percurso ao lado do herdeiro. A bordo de um “papa voto”, uma espécie de papa móvel, o deputado cumprimentou eleitores e discorreu sobre a qualidade do filho.
Pets
Primeiro colocado nas eleições passadas, com mais de 132 mil votos, Roberto Tripoli (PV) lança o irmão como sucessor neste ano. O defensor dos animais deixou a Câmara em 2015, após sete mandatos, quando assumiu a cadeira de deputado estadual. O irmão Reginaldo é o escolhido da vez. A família manteve a bandeira eleitoral: no santinho do Tripoli estreante, o protagonista é um cachorro, desta vez acompanhado de um gato, mas com o mesmo nome da família e, o mais importante, o mesmo número na urna.
Na atual legislatura da Câmara ainda podemos encontrar Eduardo Tuma, sobrinho de Romeu Tuma (e parente de outros tantos Tumas), Mario Covas Neto, cujo o nome é autoexplicativo, e ainda Edir Sales, filha de Euripedes Sales, ex-vereador e conselheiro do Tribunal de Contas Municipal (TCM). / As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.