Já era início da madrugada na Bulgária quando a família Roussev, amigos e simpatizantes receberam as primeiras informações da vitória de Dilma Rousseff no Brasil. Na Bulgária, a eleição da brasileira se transformou em uma válvula de escape da tensão e crise que vive a sociedade do país mais pobre da União Europeia (UE).
Petar Roussev, pai de Dilma, nasceu na Bulgária. No final dos anos 20, abandonou sua família e deixou o país. Nas últimas semanas, parentes de Dilma se proliferaram pelo no país, enquanto a imprensa búlgara e o próprio governo local tentam criar um mito em torno dos Roussevs. Muitos desses parentes sequer sabiam que tinham uma prima no Brasil. Nenhum deles jamais conheceu Dilma.
“Estamos sem palavras para descrever o que sentimos. A presidente do Brasil tem sangue búlgaro”, afirmou Ralitsa Negetsoeva, que ficou acordada até ter certeza de que sua prima, Dilma, era a nova presidente do Brasil. Ralitsa é prima de segundo grau de Dilma e membro da Comissão Eleitoral na Bulgária. “Agora Dilma terá de vir ao país de origem de sua família”, cobrou. “Esse é um dia histórico para a família”, insistiu Toshka Kovacheva, casada com um primo direto de Dilma, já morto.
Sua filha, Vesela, estava emocionada com a vitória. Mas não escondia o desconforto diante do uso político da vitória de Dilma no Brasil. Ela admitiu que apenas soube da existência de Dilma em 2005. “Nunca fui tão fotografada e entrevistada na minha vida”, disse. “Obviamente que estamos muito contentes. Mas não queria que ficássemos conhecidos desta maneira. Não queremos aparentar que estamos usando a ocasião no Brasil para nos promover”, disse.
Mas a vitória de Dilma se transformou em uma espécie de válvula de escape para os búlgaros, que vivem uma crise social, política e econômica profunda. A imprensa do país do leste europeu acompanhou hoje os resultados da eleição no Brasil como se fosse um assunto local. Entre a população, muitos organizaram jantares em horários avançados para poder acompanhar pela televisão a vitória de Dilma.