Sete anos depois de ter vencido pela primeira vez a corrida sucessória, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu produzir herdeiros políticos claros, que despontem com força nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial de 2010. Até mesmo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, independentemente da situação de sua saúde, ainda é uma incerteza eleitoral, já que nunca concorreu e aparece bem distante do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nas primeiras simulações feitas pelos institutos de pesquisas.
Na prática, após quase completar dois mandatos à frente do governo, o estilo centralizador e o carisma eleitoral de Lula acabaram transformando o próprio presidente no seu principal herdeiro político. Também contribui para essa situação o fato de o PT nunca ter lançado qualquer outro candidato à Presidência que não fosse Lula. E já se vão 20 anos nesse processo. Desde 1989, ele disputou cinco eleições presidenciais. Perdeu as três primeiras e ganhou as duas últimas.
Naturalmente, isso serviu para fixar sua imagem na cabeça do eleitor como o eterno candidato do PT à Presidência e tornou difícil para qualquer outro petista assumir essa posição.
Isso fica claro com a campanha de setores do PT e de partidos aliados defendendo que ele concorra a um terceiro mandato, o que somente seria possível através da aprovação de uma mudança constitucional. Também fica claro quando se dá como certa, entre seus principais aliados, a possibilidade de Lula voltar a concorrer ao Palácio do Planalto, em 2014 – hipótese nunca descartada, diferentemente do que ocorreu com a do terceiro mandato.
A “Lulodependência” acabou se agravando pelos problemas enfrentados por vários políticos, que tinham potencial para sucedê-lo no comando do País, mas perderam prestígio nesse caminho. Dois exemplos são nítidos: José Dirceu e Antonio Palocci.