O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse nesta segunda-feira (19) que a presidente Dilma Rousseff não o desautorizou ao dizer que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, permanecerá no cargo.
“De maneira nenhuma, ela ressaltou bem que era a opinião dela, a opinião do governo, e a minha opinião, a do PT. E que é natural, é legítimo eu externar minhas opiniões, principalmente porque é um País democrático”, disse Falcão ao deixar o instituto Lula, onde acompanhava uma apresentação do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa – mais próximo dos petistas que Levy.
Falcão fez questão de separar a posição do seu partido com a do governo, mas sinalizou que o PT vai continuar a pressionar por uma mudança na política econômica. Questionado pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, sobre o ajuste fiscal, repetiu: “Não sei qual é o prazo que eles (governo) previram para durar. Eu acho que precisava mudar.”
“Desde junho, no Congresso do PT em Salvador, nós temos sugerido mudanças. Somos um partido que está no governo, tem outros partidos que estão, nós temos externado a nossa opinião”, ponderou. “Quem tem que dosar o momento, o ritmo (de mudanças), é o governo”, minimizou, mas já assumindo novamente a defesa de mudanças na política econômica.
Falcão disse que “não tem esse poder”, de causar instabilidade política e econômica com uma entrevista, e afirmou ainda que o episódio não enfraquece “de maneira nenhuma” o diálogo entre o PT e o governo, que classificou de “constante, frequente e muito proveitoso”.
Sobre a discussão em torno da recriação da CPMF, Falcão disse rapidamente que as falas do governo têm ido na direção da recriação do imposto, mas que outras opções estão na mesa. “Eles (governo) têm dito que é o plano A, B e C a CPMF, mas há outras sugestões sendo feitas por economistas”, disse.
“Precisamos construir estabilidade política para retomar o crescimento econômico. Com crise política, estimulada pela oposição, que joga no quanto pior melhor, só dificulta as coisas para o País”, completou.
Neste domingo (18), em entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, Falcão afirmou que a retomada do crescimento do Brasil depende de mudanças na política econômica, como o aumento na oferta de crédito.
Ele disse ainda que Levy deveria deixar o cargo se discordar de medidas nessa direção. Em Estocolmo, na Suécia, a presidente Dilma Rousseff reagiu à pressão pela derrubada de seu ministro da Fazenda. “Ele (Levy) não está saindo do governo. Ponto”, declarou a presidente.