Relator dos processos da Operação Lava Jato, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin disse na noite desta quarta-feira (26) que o foro privilegiado “é incompatível com o princípio republicano”. O comentário foi feito a jornalistas depois da sessão plenária.

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No dia 31, os ministros do STF discutirão a questão no âmbito de uma ação penal, sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, contra o atual prefeito de Cabo Frio (RJ), Marcos da Rocha Mendes (PMDB), por crime eleitoral.

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Barroso defende a restrição da aplicação do foro privilegiado aos crimes relacionados estritamente ao cargo ocupado pelo político.

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“O Supremo Tribunal Federal, antes de tudo, deverá decidir se essa matéria pode sofrer uma alteração via interpretação constitucional ou via alteração legislativa. Essa é a interrogação que no dia do meu voto eu responderei”, comentou Fachin.

Para Fachin, a realidade nacional remete à peça “Um inimigo do povo”, do escritor e dramaturgo norueguês Henrik Ibsen.

Protagonista da trama, Dr. Stockmann é um médico que resolveu denunciar problemas na pequena cidade da Noruega em que morava e, assim, virou desafeto de autoridades locais e se viu isolado. A obra retrata o conflito entre o interesse individual e o interesse coletivo. Em uma passagem do livro, o Dr. Stockmann diz: “O homem mais forte é o que está mais só”.

“Eu sei que você não tem tempo livre, mas dê uma olhada no Ibsen, no papel do Dr. Thomas Stockmann, no inimigo do povo. O cenário brasileiro sugere uma leitura dessa peça do velho Ibsen”, comentou o ministro ao Broadcast.