Ao abrir ação penal contra Adélio Bispo de Oliveira, o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora, afirmou que o atentado contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) “provocou irreparável desequilíbrio no processo eleitoral democrático brasileiro”.
Segundo o juiz, a facada não apenas afastou “das campanhas de rua e debates eleitorais o candidato líder em pesquisas de intenção de voto”, como exigiu tanto da vítima quanto de seus concorrentes a reformulação de estratégias de campanha. Também fez “estremecer a garantia do princípio democrático da liberdade de consciência e escolha, a ser manifestada por meio do sufrágio no âmbito federal”.
“O que se dizer, então, das eventuais consequências políticas e sociais, caso o intento criminoso tivesse pleno êxito, com a morte do candidato que representa o caminho político escolhido por milhões de eleitores, em um pleito cuja polarização não encontra precedentes na história recente do país?”, indagou o magistrado.
Para o juiz, o “engajamento político do investigado com partidos e organizações afinados com a ideologia política de esquerda e, portanto, oposta àquela sustentada pelo candidato Jair Bolsonaro, está também demonstrado nos documentos e impressos encontrados no interior de uma bolsa verde de viagem apreendido no quarto ocupado pelo investigado na pousada situada à Rua Oswaldo Cruz, 295, Bairro Santa Helena, nesta cidade” (Juiz de Fora).
Adélio Bispo foi denunciado na terça-feira, dia 2, pelo atentado. O MPF seguiu o entendimento da investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) e enquadrou o agressor no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional pela prática de “atentado pessoal por inconformismo político”.
Bolsonaro foi golpeado no dia 6 de setembro quando fazia campanha no centro de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ele foi operado na cidade mineira e depois transferido para Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde passou por uma segunda intervenção cirúrgica.
O candidato recebeu alta no último fim de semana e está em recuperação na sua residência, no Rio de Janeiro. Adélio está preso em penitenciária de segurança máxima em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Na acusação, que pode resultar em uma condenação de até 20 anos para o agressor, o MPF afirma que Adélio planejou o ataque a Bolsonaro desde o dia em que soube pelos jornais que o candidato estaria em Juiz de Fora.