Desta vez, ele cumpriu o prometido. O deputado Fábio Camargo (PTB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa na sessão desta segunda-feira e apresentou um resumo dos depoimentos colhidos durante a CPI das Falências, que teve seus trabalhos suspensos por uma liminar do Tribunal de Justiça em favor da Associação dos Magistrados do Paraná.
O deputado denunciou um esquema nos processos de falências e concordatas envolvendo a família Simão (Rubens Simão e seus filhos Marcelo Simão e Fabio Simão), que gerenciam mais de R$ 15 bilhões em falências, e os juízes da 1ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba, Marcel Rotoli de Macedo, filho do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Celso Rotoli de Macedo, cuja influência era utilizada, segundo Camargo, em favor do esquema, de seu substituto Augusto Gluszcszak Júnior e Anderson Fogaça, substituto da 4ª Vara de Fazenda.
“A liminar me proibiu de continuar com as investigações, mas não me proíbe de contar o que já descobrimos até agora”, disse o deputado. “Estávamos fazendo um trabalho discreto, repassando as informações apuradas a quem podia tomar as decisões, o presidente do TJ, Miguel Kfouri Neto, numa clara demonstração de respeito ao Judiciário, mas veio essa liminar, num momento crucial da investigação, em que chegamos ao nome de quem orquestrava tudo, então, impedidos de continuar, temos o dever de compartilhar essa informação”, declarou antes de apresentar uma sequência de vídeos com depoimentos das quatro reuniões já realizadas pela CPI.
Entre os depoimentos mostrados estavam o de funcionários de empresas que decretaram falência, advogados de alguns credores, administradores de falências que foram substituídos pela família Simão por decisão de Marcel Rotoli de Macedo, além dos advogados de proprietários de empresas falidas.
Nos depoimentos os interrogados citam a família Simão como síndicos das falências, mas, em muitos casos, eles sequer visitavam as empresas que administravam. O administrador de falências Gilmar Longo da Rocha, aparece na gravação dizendo que muitas empresas para as quais foi destacado síndico, possuíam patrimônio superior às dívidas, o que descartava a falência, “mas mesmo assim tiveram a falência decretada, numa manobra para não pagar credores”. Ele disse que assim que descobriu o esquema, determinou o bloqueio dos bens dos bens dos proprietários da empresa “e acabei bloqueando o imóvel de um desembargador, o que fez com que eu fosse afastado”.
Briga de família
Enquanto Camargo foi para cima das famílias Simão e Rotoli de Macedo, circulou pela cidade um dossiê anônimo contra o deputado, insinuando que a CPI proposta e comandada por Camargo tem interesses pessoais. No suposto dossiê, Fábio Camargo é apontado como síndico ou preposto de síndico em processos de falência em trâmite na 4ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba, onde a irmã do deputado, Vanessa Camargo é titular. O dossiê insinua que o deputado e sua família têm interesse em atuar nos processo de falência e, que a CPI é uma forma de pressionar e, até, chantagear o Judiciário.
Camargo emitiu nota nesta segunda-feira rechaçando a informação, dizendo que foi indicado como preposto a síndico em processo na 4ª Vara quando sua irmã ainda não era a juíza titular e que desde que sua irmã assumiu a Vara, não atua como síndico em qualquer processo. O deputado disse não ter qualquer interesse pessoal na CPI e disse que as denúncias têm interesse “de desmoralizar, injustamente, meu desempenho junto à CPI”.
Resposta
O Juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba, Marcel Rotoli de Macedo, emitiu nota informando que requereu junto à Assembleia cópia do pronunciamento de Fábio Camargo e que só vai se pronunciar após ter conhecimento das declarações do deputado. O magistrado disse, no entanto que “não há qualquer irregularidade na 1ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba, sendo, a atuação deste juiz elogiada quando da inspeção do Conselho Nacional de Justiça”. Marcel Roroli de Macedo disse que tomará as medidas judiciais cabíveis caso verifique manifestações inverídicas por parte do deputado Fábio Camargo.