A denúncia sobre uma suposta compra de apoios à reeleição do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), no ano passado, opôs os tucanos e o deputado Fábio Camargo (PTB) na sessão de ontem, 30, da Assembleia Legislativa.
O presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, e o líder da bancada, Ademar Traiano, revezaram-se na tribuna para rebater Camargo, que acusou o prefeito de envolvimento direto na operação, denunciada no programa Fantástico, há quinze dias e investigada pelo Ministério Público Federal.
Camargo afirmou que as declarações de Beto Richa em entrevista a emissoras de rádio anteontem foram favoráveis a Alexandre Gardolinski, que atuou como coordenador do comitê Lealdade, formado por ex-candidatos a vereador do PRTB que abriram uma dissidência no partido e migraram para a campanha do tucano.
“Quando imaginei que viria um pedido de desculpas do prefeito pelas ações criminosas dos seus assessores, ele defende o maior criminoso da história eleitoral do Paraná e do Brasil. E se defendeu é porque estava mancomunado com essa pessoa”, atacou Camargo, candidato do PTB à prefeitura em 2008 em aliança com o PRTB. Camargo julga que a transferência dos ex-candidatos para a campanha de Beto refletiu no resultado da eleição para a sua coligação, que não elegeu vereadores.
Rossoni disse que o pronunciamento de Camargo era o desabafo de alguém que “levou uma surra” nas eleições de 2008. “Não é fácil digerir alguém que se elege com mais de 70% dos votos, quando se é candidato a prefeito e faz menos votos que candidato a vereador”, disse Rossoni, alegando que Beto é a segunda pessoa mais popular do país, perdendo apenas para o presidente Lula (PT).
Camargo reagiu, afirmando que Beto também já foi candidato a vereador e que não se elegeu. Mas que conseguiu chegar ao cargo de prefeito, apesar disso. E atacou: “Eu só espero que eu também possa chegar, mas sem ter que comprar e roubar como seu companheiro”.
Raposas e ratazanas
Camargo sugeriu ainda que já é conhecida a origem dos recursos que teriam sido repassados ao comitê Lealdade e que não teriam sido declarados à Justiça Eleitoral.
De acordo com o deputado do PTB, nos próximos dias, será identificada uma empresa que mantinha contratos com a prefeitura e que teria pago as despesas do comitê e se encarregado pelo repasse de recursos aos ex-candidatos.
Mais uma vez, foi bombardeado. Desta Vez, pelo líder da bancada tucana, que acusou Camargo de estar expressando “denúncias orquestradas por raposas e ratazanas” da política estadual.
“O senhor foi submetido às urnas e foi um vexame. Não tem moral para falar sobre o Beto. Cachorro que muito late, talvez, esteja procurando alguma coisa”, insinuou Traiano.
O deputado também defendeu autor da denúncia, Rodrigo Oriente, e disse ter gravações de integrantes da equipe da prefeitura oferecendo dinheiro para que Oriente desistisse da denúncia.
Declaração rebatida pelo advogado de Beto Richa, Cristiano Hotz, que em nota declarou que “não se oferece dinheiro a achacadores”. Dizendo que a íntegra das conversas da equipe de Beto com Oriente já está nas mãos do Ministério Público, Hotz criticou a postura de Camargo. “O deputado, montado na sua imunidade, e em estado delirante, acusa sem provas e com irresponsabilidade, mais uma vez.”