O senador João Capiberibe (PSB-AP), presidente da Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça do Senado, decidiu nesta terça-feira, 17, recusar o convite do Exército para visitar as dependências do 1.º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca (zona norte do Rio). A ida ao prédio ocorreria na próxima sexta-feira, 20. No imóvel funcionou, durante a ditadura militar (1964-1985), o Destacamento de Operações e Informações (DOI-Codi) do 1º Exército. Capiberibe considerou que os militares impuseram restrições descabidas à visita. A medida mais recente seria a decisão de não autorizar que a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), presidente da Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça da Câmara dos Deputados, participasse da visita.
A ida à unidade militar já havia gerado tensão em 21 de agosto, quando integrantes da Comissão Estadual da Verdade do Rio foram impedidos de entrar no prédio. Na ocasião, o general Francisco Carlos Modesto, chefe do Comando Militar do Leste, informou à comissão que só o comandante da Força, general Enzo Peri, poderia autorizar a visita.
A comissão pretendia conhecer o prédio para pedir seu tombamento e transformação em centro de memória. Depois desse desentendimento, a negociação para visitar o batalhão foi feita diretamente com o Ministério da Defesa e o Exército. Segundo Capiberibe, os militares tentaram restringir a visita a ele, ao senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), vice-presidente da mesma Subcomissão, a dois representantes da Comissão Nacional da Verdade e outros dois da Comissão Estadual da Verdade do Rio. Erundina teria sido vetada sob a alegação de não se enquadrar nesse grupo.
Capiberibe pretende enviar um oficio ao ministro da Defesa agradecendo o convite e comunicando o cancelamento da visita. Randolfe também deve desistir. “Vetar a presença de parlamentares ou de quem quer que seja por motivos político-ideológicos mostra uma nostalgia dos tempos ditatoriais”, reclamou Wadih Damous, presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio. A reportagem procurou o Ministério da Defesa na noite desta terça-feira, mas a pasta não se pronunciou sobre o caso.