Eleições

Ex-vices dão as cartas na disputa para governador do Paraná

Os vices estão no poder. Nesta campanha eleitoral, as direções das campanhas dos dois primeiros colocados nas pesquisas de intenções de voto, Osmar Dias (PDT) e Beto Richa (PSDB), estão nas mãos de dois ex-governadores que, originalmente, eram os vice-governadores: Mário Pereira e João Elísio Ferraz de Campos. No comando do Estado e exercendo um papel ativo na campanha de Osmar Dias, está um ex-vice-governador, Orlando Pessuti (PMDB), cuja desistência de disputar a reeleição permitiu a formação da aliança que o pedetista exigia para concorrer.

No comando da campanha de Osmar Dias quem dá as cartas é Mário Pereira. Afastado das disputas eleitorais desde que deixou o cargo de governador, em 1994, Pereira retomou sua profissão de engenheiro e foi trabalhar no Mato Grosso e depois em São Paulo, onde é o presidente de uma empresa cujos sócios são a Inepar e a Triunfo, que atua na construção de metrôs e ferrovias. Em abril deste ano, recebeu um telefonema de Osmar que o convidou para assumir a coordenação da campanha. O convite foi refeito no início deste mês. O Conselho de Administração da empresa concordou e Pereira está licenciado até o final do processo eleitoral, em outubro.

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Pessuti: movimentos decisivos.

No PDT, depois de 34 anos filiado ao PMDB, Pereira atesta que as campanhas eleitorais mudaram muito nos últimos tempos. “Nas minhas campanhas, de vice-governador e duas vezes de deputado estadual, o custo era baixo e era muito mais fácil mobilizar as pessoas”, comparou Pereira, lembrando que naqueles anos, quando o Brasil vivia o processo de redemocratização, havia um interesse espontâneo do eleitor em participar de campanhas eleitorais. “Havia uma luta que mobilizava as pessoas. Hoje, está bem mais difícil trabalhar. Não há um ponto específico que envolva o país inteiro como antes”, disse o ex-governador.

A influência dos veículos de comunicação e as novas tecnologias tornaram a campanha bem mais cara, destacou.

As campanhas estão também mais curtas, disse o coordenador da campanha de Osmar Dias, considerando esta mudança um ponto positivo do processo. Outro aspecto favorável é que o cidadão já não se considera tão dependente dos governantes, frisou. “A sociedade não espera que seus governantes sejam o seu salvador. As pessoas estão mais críticas e independentes. Isso é muito bom”, afirmou.

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Elísio: mudança de plano.

Velhos amigos

Mário Pereira e Osmar Dias são amigos desde que integravam o primeiro governo de Roberto Requião. Pereira foi secretário de Administração, depois dos Transportes, antes de substituir Requião que deixou o governo para disputar sua primeira campanha ao Senado, e Osmar era o secretário da Agricultura. Foi essa convivência que moveu o ex-governador a aceitar a tarefa de dirigir a campanha do senador pedetista. “As coisas na Secretaria da Agricultura aconteciam como estava planejado. Ele é a pessoa que mais conhece da área agrícola no Congresso Nacional. E tem uma grande capacidade de gestão”, afirmou Pereira, que considera este o ponto forte de Osmar Dias como candidato ao governo.

Administrar as diferenças, consideradas normais numa coligação que reúne partidos com forte identidade, como o PDT, PT e PMDB, é uma das tarefas de Pereira. “Os três partidos disputaram fortemente as eleições municipais. Ficaram focos de tens&ati,lde;o. E a primeira coisa que fizemos foi trabalhar para superar estes conflitos. E para nossa satisfação, ocorreu um fenômeno interessante. Os adversários estão trabalhando juntos na campanha”, afirmou.

“Sou um moderado”, diz João Elísio Ferraz de Campos

Filiado ao DEM, o ex-governador João Elísio Ferraz de Campos planejava concorrer a uma das vagas ao Senado nesta eleição. No decorrer das negociações para a formação da aliança em torno da candidatura de Beto Richa (PSDB) ao governo, João Elísio retirou seu nome da lista de pré-candidatos e assumiu o comando das articulações da formação da aliança de apoio à candidatura de Beto. Advogado, Ferraz de Campos trabalha no setor de seguros desde 1962 e dirigia, até o início desse ano, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Complementar e Capitalização (CNSeg).

Vice-governador do Estado, na gestão José Richa, em 1985, João Elísio tomou posse no governo, enquanto o titular se candidatava ao Senado. Eleito vice na primeira eleição direta desde a posse do ex-governador Paulo Pimentel, em 1965, João Elísio disse que as campanhas mudaram. Além de o eleitorado ter crescido muito de lá para cá, o momento político é diferente. “Estávamos num período de transição, ainda era o regime militar e ainda faltava muito para que se consolidasse a abertura política.

Mas uma coisa não mudou: a forma com que o eleitor busca se identificar com o candidato”, afirmou. Para o ex-governador, tomar as principais decisões sobre a campanha de Beto é um desafio que encara com prazer. Diz que tem muitas afinidades com Beto, que herdou alguns traços paternos. “Ele tem uma imensa facilidade de criar empatia com as pessoas. Beto representa o jeito novo de fazer política, no sentido de que realizou uma gestão moderna em Curitiba, com participação popular efetiva”, definiu.

Quanto à linha de campanha, João Elísio disse que prefere um discurso centrado nas propostas, mas considera normal a troca de críticas entre os candidatos. Desde que não resvale para ataques pessoais e agressões. “E é importante ressaltar as virtudes do nosso candidato. Agora, ataques e agressões não fazem parte da nossa campanha. Isso o Beto deixou claro. E graças a Deus que é assim, senão eu nem teria vindo. Sou um moderado, um homem de conciliação. Minha índole não combina com radicalismos, menos ainda com baixarias”, disse.

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