O ex-presidente da Estre Ambiental, Wilson Quintella, depositou R$ 6,8 milhões de sua fiança para deixar a cadeia da Lava Jato. Ele é suspeito de supostas propinas de R$ 22 milhões ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e admitiu os repasses ao emedebista a título de ‘apoio político’. Quintella foi preso na 59ª fase da Operação, denominada Quinto Ano, que mira desvios de R$ 682 milhões entre 2008 e 2014 na estatal.

continua após a publicidade

O pedido foi deferido pela Juíza Gabriela Hardt, que expediu alvará de soltura de Quintella. Ele, no entanto, não pode entrar em contato com outros investigados, deverá entregar o passaporte à Justiça e está proibido de mudar de endereço.

continua após a publicidade

Segundo o advogado Pierpaolo Bottini, o executivo ‘informa que seu irmão, Fernando Augusto Rehder Quintella, obteve empréstimo bancário no valor suficiente para fazer frente à fiança, a fim de que possa ser colocado em liberdade imediatamente’.

continua após a publicidade

Ao comunicar o pagamento da fiança, a defesa pede, ‘com urgência de modo a se evitar que o requerente passe o final de semana preso sem necessidade, a expedição do alvará de soltura e a consequente comunicação da liberdade à Superintendência da Polícia Federal de Curitiba onde Wilson Quintella Filho se encontra custodiado’.

Quinto ano

Além de Quintella, também estão presos o advogado Mauro de Morais, e Antonio Kanji, ex-funcionário da Estre, que estão sob suspeita de fazer operações de lavagem de dinheiro da propina. A Receita rastreou mais de R$ 20 milhões destinados ao escritório de Morais. O advogado teria feito saques pouco abaixo de R$ 100 mil para que transações de R$ 9,5 milhões não chegassem ao conhecimento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)

As investigações tiveram como ponto de partida a delação premiada de Sérgio Machado, que afirmou às autoridades ter recebido propinas das Estre para repassar a seu grupo político no MDB.

Repasses

Segundo Quintella, Sérgio Machado já solicitou pagamento a título de “contribuição”,” doação” ou “apoio político”. Ele afirma que ‘isso ocorreu logo no início da gestão dele, nos primeiros meses; e que ‘ele disse que tinha demandas para manter o próprio “apoio institucional”, pelo que necessitava de “apoio financeiro”‘.

Segundo Quintella, Machado ‘disse que precisava desse apoio financeiro de um grupo seleto de pessoas de confiança. Machado ainda teria dito que ‘gostaria de contar com o apoio financeiro das empresas’ de Quintella ‘em montantes entre 1,5 a 3%, ou mesmo até 4%’.

O dono da Estre afirmou que ‘em momento algum o declarante solicitou pagar qualquer quantia e nem obteve vantagens para suas empresas, inclusive nunca teve um aditivo financeiro aprovado e nem problemas para receber os valores devidos pelos contratos executados’,que ‘o percentual em questão foi solicitado por Sérgio Machado e que ‘assim que Sérgio Machado ‘fez a proposta aceitou sem imposição de qualquer condição’.

Quintella ainda admitiu que usou Kanji para viabilizar o pagamento de propinas. O ex-funcionário, no entanto, preferiu ficar calado diante das autoridades.

Já Mauro de Morais, segundo consta nos autos, Mauro de Morais foi ouvido pela PF. Alegou que ‘os valores sacados eram divididos em partes iguais entre ele e Antonio Kanji Hoshikawa, que o havia procurado em 2011 para a elaboração de pareceres na área ambiental para as empresas Estre Ambiental, Pollydutos, Caso Serviços e Estaleiro Rio Tietê, todas integrantes do Grupo Estre’.

Ainda disse que ‘tratou dos pareceres somente com Antonio Kanji Hoshikawa, nunca tendo conversado com representantes das empresas contratantes’. Morais alegou ‘não possuir registro da prestação dos serviços. Atribui a ausência de registros a problema técnico que teve em seu computador no ano de 2016’.

Bloqueio

A juíza Gabriela Hardt havia imposto um bloqueio de R$ 20 milhões aos alvos da Lava Jato 59. Nas contas de Quintella, foram encontrados R$ 550 mil. Já Antonio Kanji tinha R$ 830 mil.

A Estre Ambiental diz que “vem colaborando com a operação e permanecerá à disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários e colaborar com as investigações.”