O ex-prefeito de Satuba (AL), Adalberon de Moraes, vai à júri popular pela morte do professor Paulo Bandeira, sequestrado, torturado e queimado vivo em junho de 2003, depois de denunciar o desvio de recursos do Fundo de Nacional de Valorização e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef). Na época, o crime contra o professor teve repercussão internacional por seus requintes de crueldade e pelo fato de a vítima ter sido morta por uma denúncia que fez, no exercício pleno da sua cidadania.
A promotora de Justiça Martha Bueno entregou esta semana as alegações finais ao juiz do Fórum de Satuba, solicitando a pronúncia do ex-prefeito e dos demais acusados no assassinato do professor. “As provas são fartas, periciais, documentais e testemunhais. Não há o que questionar”, explicou a promotora. Segundo ela, o relatório da Controladoria Geral da União (CGU) apontou mais de R$ 1 milhão de desvio na gestão de Adalberon de Moraes: só na pasta da Secretaria de Educação de Satuba foram quase R$ 350 mil. O professor Paulo Bandeira ameaçava denunciar esse desvio de recursos públicos às autoridades dias antes de ser assassinado.
Para o Ministério Público não há dúvidas do crime praticado pelos denunciados no caso. A promotora Martha Bueno ainda cita que qualquer fato novo que possa trazer aos autos processuais não se sustentam, por não conciliar com as demais provas. “A investigação é oficial e deve ser feita pelas instituições competentes, não cabendo aos acusados investigação particular dentro do presídio”, enfatizou Martha Bueno.
Adalberon aguarda o julgamento preso no presídio Baldomero Cavalcanti, na periferia de Maceió. Ele também é acusado de participação nos assassinatos da feirante Gizele Suplime dos Santos, em julho de 1997, do assessor parlamentar Jeams Alves dos Santos, em dezembro de 2002, e do motorista Carlos André Fernandes Santos, em outubro de 2005. O ex-prefeito também respondeu a processo na Justiça acusado de ter espancado uma garota de programa em Brasília.