O deputado federal Mauro Ribeiro Lopes (MDB) disse ao juiz federal Sérgio Moro ter ‘as melhores referências’ de Eduardo Cunha (MDB) à frente da Câmara Federal. O emedebista prestou depoimento no dia 6 de março como testemunha de defesa no âmbito de ação penal na Operação Lava Jato em que seu colega de partido responde, ao lado da ex-deputada Solange Almeida, por propinas de US$ 40 milhões sobre contratos da Petrobras.

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Mauro Lopes foi ministro da Secretaria Nacional de Aviação Civil do governo Dilma até o 14 de abril de 2016, quando pediu exoneração para voltar a favor do prosseguimento do processo de impeachment na Câmara dois dias depois. Naquele 16 de abril, Eduardo Cunha, do microfone da Mesa Diretora do plenário da Câmara, o chamou: “Deputado Mauro Lopes do PMDB”.

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Ele respondeu: “Prezado Eduardo Cunha, fui ministro de Estado do atual governo e guardarei a gratidão comigo, mas, honrando o nosso PMDB com lealdade, na condição de secretário-geral do PMDB juntamente com nosso honrado presidente do partido Michel Temer, acompanhando também a bancada do deputados de Minas Gerais, acompanhando também a bancada do PMDB da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pelo povo de Minas Gerais, e esperando pelo crescimento do transporte desse país que está exatamente numa situação agonizante, então, eu quero aqui, senhor presidente, dizer do fundo da minha alma, pensando na minha família, na minha esposa, nos meus filhos, nos meus netos, e nos conterrâneos da minha querida Caratinga, eu voto sim!”

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Questionado pela defesa sobre sua relação com Cunha, Mauro Lopes disse que era ‘política’ e ‘parlamentar’, e aproveitou para rasgar elogios ao ex-parlamentar cassado. “Quando teve uma condução excelente como presidente e não tenho nada mais com referência a pessoa dele, o que eu tenho aqui são as melhores referências quando presidente da Câmara e membro do partido do qual eu sou o secretário-geral nacional, o MDB”, afirmou.

Segundo acusação, Eduardo Cunha teria pedido propina que somaria US$ 40 milhões do estaleiro Samsung, com sede na Coreia do Sul, para atuar na contratação de navios-sonda com a Petrobrás. O equipamento se destinava a operações de perfuração em águas profundas na África e no Golfo do México e a negociação teria sido efetuada com a intervenção de Solange Almeida e de Júlio Camargo, que prestou colaboração premiada e foi condenado pela Justiça Federal paranaense.

Mauro Lopes também negou conhecer Solange. “Eu não conheço, não conheço ela”. E ressaltou. “Conheço muito o Eduardo, que foi nosso presidente”.

A denúncia foi feita pela Procuradoria-Geral da República em outubro de 2015, quando Cunha ainda era deputado federal, e foi remetida em 2017 para a competência do juiz federal Sérgio Moro, após o emedebista perder batalha judicial para que fosse julgado por ela na Justiça Federal do Rio.

Eduardo Cunha foi condenado por Moro a 15 anos e quatro meses de prisão, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas por supostamente ter recebido e mantido em conta na Suíça uma propina de US$ 1,5 milhão em 2011 na compra de campo petrolífero em Benin, na África, pela Petrobrás.

A reportagem entrou em contato com os advogados do ex-deputado. O espaço está aberto para manifestação.

Já o advogado Cláudio Oraindi Rodrigues, de defende Solange Almeida, respondeu: “Ao longo de toda a instrução processual ninguém, absolutamente ninguém, nem mesmo os Colaboradores da Justiça, que são várias, sequer cita o nome da ex-deputada Solange, o que somente reforça ainda mais a segurança de sua inocência”.