Com o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) na cadeia, um grupo de sete legendas, apoiados pelo Planalto, corteja um personagem que está situado fora da contaminada política brasiliense para ocupar o Palácio do Buriti. A ideia é acelerar o impeachment de Arruda e desencadear na Câmara Legislativa a eleição indireta que escolherá o novo governador. Pelo pacto, deputados distritais teriam suas candidaturas vetadas para facilitar a escolha do ex-ministro e conselheiro do Tribunal de Contas do DF Ronaldo Costa Couto.
Essa é a saída legal e política que está sendo costurada nos bastidores por dirigentes de PSB, PT, PDT, PCdoB, PV, PRB e PMDB, com a simpatia de setores do Supremo Tribunal Federal (STF), que também vê “com reservas” a possibilidade de intervenção. Couto já ocupou a cadeira de governador interino em 1985, por um mês. Ele é conselheiro do Tribunal de Contas desde 1989 e foi ministro do Interior nos dois primeiros anos do governo José Sarney, tempos em que cabia ao presidente da República indicar o governador do DF.
O motor que impulsiona essa negociação é a ameaça permanente de intervenção federal no DF. “Para evitarmos a intervenção, teremos de eleger um governador com cara, mãos e coração de interventor”, aconselha o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que já governou o DF e tem resistido às pressões para voltar ao Palácio do Buriti.
Também foram cogitados para ocupar a cadeira do governador afastado, que se encontra preso na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF), o ex-ministro do Supremo Sepúlveda Pertence e o ex-deputado Sigmaringa Seixas, que enfrenta resistências a seu nome por ser filiado ao PT.