O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues avaliou nesta sexta que é pequena a chance de a presidente Dilma Rousseff vetar pontos do Código Florestal, desde que o projeto seja aprovado na Câmara dos Deputados com a mesma redação que saiu antes de ir ao Senado.
“Como o Senado alterou o documento, o objetivo da Câmara é tentar resgatar a redação que foi aprovada anteriormente por 410 votos (a favor) a 64 (contra)”, disse Rodrigues. “Se tiver uma redação e uma votação similares às anteriores, e como ela é uma presidente democrática, a tendência é que siga os ditames da imensa maioria da população brasileira”, completou.
Rodrigues, que é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (GV Agro), avaliou que o importante para o setor é a manutenção de temas centrais na votação definitiva do projeto, antes de ir para sanção de Dilma, prevista para o próximo dia 24.
Na opinião do ex-ministro, os temas centrais são a redução do desmatamento, recuperação das Áreas de Proteção Permanentes (APPs) e a inclusão delas como reserva legal, a criação do cadastro ambiental e ainda que as áreas rurais já consolidadas sejam mantidas.
No entanto, a presidente ainda ameaça vetar a aprovação das áreas rurais consolidadas que não tenham o mínimo de reserva legal de vegetação. Na avaliação até agora de Dilma, a liberação dessas áreas sem que haja um reflorestamento seria uma anistia aos desmatadores.
Plano Safra
Rodrigues, que fez palestra em Ribeirão Preto (SP), na abertura do programa “Agronegócio na Escola”, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag-RP), avaliou também que o governo deve priorizar, no Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013, o aumento do crédito e redução na burocracia para a agricultura baixo carbono.
Segundo ele, priorizar o projeto, lançado no ano passado e batizado de ABC, “será um dos grandes troféus para o Brasil exibir” durante Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), em junho.
“Trabalhamos muito junto ao ministro (Mendes Ribeiro) como ênfase na agricultura de baixo carbono; queremos agilizar esse modelo, com mais crédito e com a desburocratização do processo”, disse.
Por fim, o ex-ministro, que é produtor de cana-de-açúcar em São Paulo e em Minas Gerais, avaliou que, apesar do aumento da área cultivada com a cultura, a oferta da matéria-prima na safra 2012/2013, iniciada este mês, será menor.
“Com a estiagem do ano passado e a do início deste ano o canavial não se desenvolveu; quem sabe nos próximos dois meses volte a chover e haja uma recuperação de parte desse prejuízo”, lamentou. “Mas sem dúvida a oferta não será como se imaginava, vai ser muito menor”, concluiu Rodrigues.