Primeiro agente público de São Paulo a confessar os crimes investigados pela Operação Lava Jato, o ex-diretor do Metrô Sérgio Corrêa Brasil delatou políticos paulistas em seu acordo de colaboração premiada fechado com o Ministério Público Federal (MPF) e homologado na semana passada pela Justiça Federal. Os nomes ainda não foram divulgados porque os documentos estão sob sigilo e há outras investigações em curso.

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Brasil foi denunciado em julho junto com 13 executivos de empreiteiras acusado de ter recebido propina das cinco maiores construtoras do País (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão) para beneficiá-las em contratos das linhas 2-Verde, 5-Lilás e 6-Laranja do Metrô, entre 2004 e 2014 – período que engloba os governos dos tucanos Geraldo Alckmin, José Serra e Alberto Goldman, além de Claudio Lembro (PSD). Eles não são citados no processo.

Em sua delação, a Odebrecht vinculou as fraudes nos contratos do Metrô aos repasses de caixa 2 que diz ter feito para diversas campanhas de Alckmin e Serra. Ambos negam ter recebido repasses ilícitos.

Segundo a força-tarefa da Lava Jato paulista, Brasil admitiu ter embolsado R$ 6,2 milhões de propina e apontou outros agentes públicos e políticos que teriam recebido repasses ilícitos. Entre os delatados estão o ex-presidente do Metrô Luiz Carlos Frayze David e o ex-gerente da companhia Décio Tambelli. Ambos já haviam sido delatados pela Odebrecht.

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Batizado de “Estrela” nas planilhas da empreiteira, David teria recebido dinheiro em seu apartamento, enquanto “Bragança”, codinome atribuído a Tambelli, teria recebido os repasses em sua sala no prédio do Metrô. Os dois, porém, não foram denunciados porque já têm mais de 70 anos e seus supostos crimes já prescreveram.

De acordo com o procurador André Lasmar, integrante da Lava Jato paulista, Sérgio Brasil, que tem 67 anos, vai devolver todo o valor que recebeu de propina corrigido e cumprirá pena de três anos de prisão em regime fechado, mais dois anos no semiaberto e outros dois no regime aberto. “Esta é a primeira vez que um agente público de São Paulo confessa seu crime e vai cumprir pena. Isso, por si só, já é um fato muito importante, que comprova que havia corrupção dentro do governo de São Paulo”, disse Lasmar.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.