Milton Leme, ex-diretor de Tecnologia da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), disse ao Grupo Estado ter recebido uma oferta de R$ 500 mil para dar respaldo às denúncias do analista de sistemas Roberto Grobman, que acusa o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) de ter recebido propina de empresas quando era secretário estadual de Educação (2002-2006). Segundo ele, Grobman afirmou que a proposta viria do deputado Walter Feldman (PSDB-SP), então um dos coordenadores da campanha de José Serra à Prefeitura, e “do partido”. Reportagem desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo mostra que o analista foi levado ao Ministério Público por assessor político do comitê tucano.

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Leme diz ter recebido a oferta de dinheiro uma semana depois de se encontrar com Grobman e Feldman em um shopping de São Paulo, durante a campanha eleitoral do ano passado. O ex-diretor da FDE respondia a ação de improbidade – ele era suspeito de antecipar de forma ilegal pagamentos para uma empresa contratada pelo órgão. Ao Grupo Estado, o analista de sistemas afirmou que Leme “fazia a coleta” de “caixas de dinheiro” que seriam levadas ao apartamento de Chalita e que pagou gastos pessoais do então secretário com recursos vindos do grupo educacional COC. O deputado nega as acusações. Leme disse “desconhecer esse tipo de prática”.

“Ficou claro que o objetivo era me apresentar pessoalmente (a Feldman) para saber das minhas intenções de apoiar ou não uma ação, com a qual não compactuo”, disse Leme. “Ele (Grobman) me mandou uma mensagem insinuando que eu estava protegendo algumas pessoas. A contrapartida fica evidente, que eu deixasse de proteger alguém.”

Encontro no shopping

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Segundo Leme, em outubro do ano passado ele recebeu uma ligação de Roberto Grobman, marcando um encontro no Shopping Higienópolis. “Nós fomos à praça de alimentação do shopping e ali estava um movimento do então candidato (a prefeito de São Paulo pelo PSDB) José Serra. O sr. Walter Feldman saiu da comitiva que estava com Serra e veio sentar-se à mesa, com Roberto e comigo. Feldman disse: ‘Nós já conhecemos a sua história. Nós já estamos com o Roberto há algum tempo e queríamos dizer que você pode contar conosco se estiver precisando de alguma coisa. Você tem algo a falar para nós?’ Eu disse que havia sido diretor da FDE e que queria encerrar um processo em andamento, dentro dos trâmites legais. Ele se despediu e saiu. Passada uma semana, eu recebi uma ligação do Roberto. Ele queria saber se R$ 500 mil cobririam os danos que eu havia sofrido com o processo. Ele disse: ‘A pessoa que eu te apresentei tem força. Eu estou muito bem e queria que você também estivesse. Queria saber se você vem comigo nessa’. Eu cortei a ligação.”, conta o ex-diretor da FDE. (colaboraram Bruno Boghossian, Fausto Macedo e Julia Duailibi)